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Varoufakis admite demissão do Governo caso ganhe o "sim"

02 jul, 2015

No referendo do próximo domingo, os gregos vão dizer se aceitam ou não as propostas dos credores.

O ministro das Finanças grego admite que o seu Governo pode demitir-se no caso da vitória do "sim" no referendo, mas que dialogará com os sucessores.

"Podemos demitir-nos, mas iremos fazê-lo em espírito de cooperação com os que vierem", declarou Yanis Varoufakis, numa entrevista à rádio pública australiana ABC.

"Acreditamos que o veredicto do povo deve ser respeitado. Por isso entregamos a decisão às pessoas. Se elas disserem ‘sim’, nós faremos tudo para que este acordo seja assinado tal e qual como a troika, o FMI, as Eurogrupo o definiram. Mas não o vamos fazer até que o povo grego nos dê a ordem para tal", garantiu.

No referendo do próximo domingo, os gregos vão ser consultados sobre se aceitam ou não os termos propostos pelos credores (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) para manter o financiamento ao país.

Uma nova sondagem publicada esta quarta-feira mostra uma mudança na intenção dos gregos: o “sim” fixa-se nos 47,1% e ultrapassa o “não”, que desce para os 43,2%. Apenas 6,3% dos gregos estarão indecisos.

A pergunta que vai constar do boletim de voto é: "Deverá ser aceite o projecto de acordo que foi submetido pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no Eurogrupo de 25.06.2015 e que compreende duas partes, que constituem uma proposta unificada? O primeiro documento designa-se 'Reformas para a Conclusão do Programa Atual e Mais Além' e o segundo 'Análise Preliminar da Sustentabilidade da Dívida'."

O prazo para pagar 1,6 mil milhões de euros terminou na terça-feira. Ao não pagar ao FMI, a Grécia perdeu acesso à nova tranche de 1,8 mil milhões de euros e a quase 11 mil milhões para recapitalizar os bancos.

Os gregos vivem sob fortes restrições, nomeadamente no acesso a contas bancárias. Esta semana os transportes públicos, autocarros e metro são completamente gratuitos, para não dificultar ainda mais a vida aos gregos, a braços com a restrição de só poderem levantar 60 euros por dia.

A renegociação da dívida da Grécia em Outubro e alterações no subsídio de solidariedade para os pensionistas mais desfavorecidos são dois detalhes conhecidos de uma proposta de última hora enviada pela Comissão Europeia a Atenas para evitar o incumprimento grego.

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