Emissão Renascença | Ouvir Online

Tsipras apela à calma e garante segurança dos depósitos

28 jun, 2015

Negociações com os credores internacionais terminaram sábado, após Atenas ter anunciado um referendo, a 5 de Julho, às propostas dos europeus sobre o programa de resgate.

Tsipras apela à calma e garante segurança dos depósitos
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apela à calma do povo e garante segurança dos depósitos e depositantes. Numa curta declaração ao país feita pela televisão, O governante anunciou também ter pedido, novamente, uma extensão do programa grego e garantiu que salários e pensões estão garantidos.

O primeiro-ministro grego apela à calma do povo e garante segurança dos depósitos e depositantes. O governante garantiu ainda que salários e pensões estão também garantidos.

"Os depósitos dos cidadãos nos bancos gregos estão totalmente assegurados. O mesmo se aplica ao pagamento de salários e pensões. Quaisquer dificuldades devem ser abordadas com calma e de forma decisiva. Quanto mais calma for a resposta, mais cedo poderemos ultrapassar a situação e menores serão as consequências. Temos a oportunidade de provar a nós próprios e ao mundo que o medo não pode vencer", disse.

Alexis Tsipras confirmou que os bancos gregos e a bolsa vão estar fechados e que esta medida foi tomada devido às medidas do Banco Central Europeu.

Numa comunicação ao país, Tsipras disse que ainda esperam pela decisão das instituições europeias sobre a extensão do programa de ajuda. "Enviei hoje um novo pedido ao Presidente do Conselho Europeu, aos 18 chefes de estado e de governo da Zona Euro, aos presidente do Banco Central, da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu para um prolongamento do actual programa por mais uns dias. Espero uma resposta imediata a uma exigência democrática elementar. Eles são os únicos que podem o mais depressa possível, mesmo esta noite, reverter a decisão do Eurogrupo que permita ao Banco Central Europeu restaurar o fluxo de liquidez aos bancos", acrescenta.

No entanto, garante que a Europa não vai parar o processo de referendo que vai decorrer no próximo domingo. Essas pressões são “um insulto”, acrescentou.

Esta comunicação ao país aconteceu depois da reunião do Conselho de Estabilidade Financeira grego que defendeu que os bancos fiquem fechados nos próximos seis dias úteis.

Por sua vez, o líder do maior partido da oposição já pediu que não se realize o referendo do próximo domingo apelando, ao mesmo tempo, à formação de um governo de unidade.

Os Estados Unidos já se pronunciaram com crescente preocupação sobre o que se passa. O secretário do Tesouro recomenda aos credores que ponderem um eventual perdão parcial da dívida grega.

A Casa Branca fez saber também que vigia de perto a situação e que nas últimas horas falou com a chanceler alemã Angela Merkel, considerando que seria do maior interesse continuar a desenvolver esforços para manter a Grécia na zona euro e fazer o país retomar o caminho do crescimento.

Sobressalto em Atenas
O anúncio destas medidas lançou o sobressalto em Atenas. A Renascença já falou com um jornalista grego que descreve um cenário de corrida ainda mais expressiva às caixas multibanco. A população mostra-se desorientada com o desconhecimento do que vai acontecer, refere jornalista Jorge Macias.

Os próximos dias vão ser tanto mais difíceis para os gregos quanto tempo durar o processo de controlo sobre os capitais, diz o economista João Duque.

Vai haver condicionamento dos levantamentos e das operações bancárias e a economia vai arrefecer por falta de liquidez, considera o professor do ISEG.

“Isto vai significar que as pessoas vão levantar pouco e transferir para o estrangeiro uma quantia limitada de valores e vai ter impacto na economia, que vai abrandar um bocadinho”, disse.

Portugal é um país vulnerável porque acabou de sair de um programa de ajustamento e é natural que os mercados comecem a pensar que é o próximo. Como consequência imediata, deveremos ter uma subida das taxas de juro.

[notícia actualizada às 20h30]