Luz verde para Moedas, o interlocutor da troika que discordou da troika

100%. Foi assim que o presidente da comissão parlamentar da Indústria, Investigação e Energia classificou as probabilidades de Carlos Moedas receber a "luz verde" dos eurodeputados que esta manhã o sujeitaram a uma audição de quase três horas.

O comentário do polaco Jerzy Buzek reflecte o sentimento generalizado da comissão que ouviu Moedas.
 
O ainda governante português apresentou-se com a lição bem estudada.

Fez uma intervenção inicial no decorrer da qual apresentou o seu percurso de vida como “uma história europeia”, intimamente ligada à própria União: desde as origens num Alentejo que beneficiou dos fundos europeus, aos estudos em França, graças ao programa Erasmus, onde acabaria por casara, à passagem profissional por Londres, onde nasceram dois dos seus filhos, até ao regresso a Portugal para participar no governo durante a resposta a uma crise que classificou de nacional, mas também de europeia.

E foi precisamente essa experiência governativa que deu origem à intervenção mais crítica, da bloquista Marisa Matias, que acusou Moedas de ter feito no governo o oposto do que se espera que faça enquanto comissário.

Uma ocasião aproveitada pelo ainda secretário de Estado português para garantir que nem sempre esteve de acordo com a troika. Mas esta acabou por ser uma rara nota dissonante numa audição marcada por perguntas de cariz técnico e sobre aspectos muito específicos relativos à pasta que o futuro comissário português deverá assumir, da Investigação, Ciência e Inovação.

E aqui Moedas apresentou-se completamente à vontade, com conhecimento dos dossiers, a responder de forma desenvolta em português, francês e espanhol, mas sobretudo em inglês.

O veredicto final deverá ser conhecido esta tarde, mas esta é uma decisão que, à partida, não oferece grandes dúvidas.