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Médicos sem Fronteiras alertam para falta de recursos no combate ao ébola

23 ago, 2014

"Somos sem fronteiras, mas não sem limites”, lembra a directora da MSF Brasil. 

Médicos sem Fronteiras alertam para falta de recursos no combate ao ébola
A Médicos sem Fronteiras (MSF) está perto do limite de recursos humanos e materiais, no combate ao surto de ébola na África ocidental. O alerta foi dado pela directora-geral daquela organização no Brasil, a portuguesa Susana de Deus.

"Chegámos ao nosso limite. A MSF tem mais de mil pessoas no terreno, em Junho já tínhamos enviado mais de 400 toneladas de equipamentos e materiais". Susana lembra que a organização não se centra apenas no combate ao ébola e diz já não ter hipótese de realocar mais profissionais de saúde.

No terreno, a organização luta diariamente contra a falta de recursos. "Falta muita coisa", diz Susana de Deus. Desde água e saneamento a recursos humanos, como médicos especialistas, equipas de Educação para a Saúde e ainda responsáveis pela logística da organização. "A resposta está fraca, está lenta, está deficiente", garante.

A directora-geral da MSF Brasil pede mais apoio internacional, mais coordenação da Organização Mundial de Saúde e mais organizações não-governamentais no terreno. “Criou-se um grande estigma, uma grande resistência por parte da população. Se fosse, por exemplo, um pós-tsunami, já teríamos muitas organizações em campo", afirmou, em conferência de imprensa. 

De Março até Dezembro de 2014, o orçamento da Médicos Sem Fronteiras para combater o surto de ébola é de 16 milhões de euros. Susana de Deus avisa que, sem mais investimento, as verbas podem esgotar-se ainda antes do fim do ano.

"Somos sem fronteiras, mas não sem limites”, desabafou a portuguesa, directora da delegação da Médicos Sem Fronteiras no Brasil, desde Maio de 2013.