Washington exige que Moscovo saia já da Ucrânia
22 ago, 2014
A entrada de cem camiões na Ucrânia já foi considerada por Kiev uma “invasão directa” que vai contra as leis internacionais.
70 camiões russos passaram esta sexta-feira a fronteira ucraniana sem a autorização de Kiev nem escolta da Cruz Vermelha. Há mais de uma semana que Moscovo tinha 260 veículos à espera de autorização para levarem ajuda humanitária aos habitantes de Luhansk, agora controlada por rebeldes pró-russos e cercada por tropas ucranianas. Sem uma resposta das autoridades ucranianas, a Rússia mandou avançar a coluna mesmo sem autorização. Kiev fala em "invasão directa" do seu território.
Os Estados Unidos exigem a retirada imediata dos cem camiões de ajuda humanitária russa, que entraram esta sexta-feira em território ucraniano.
“É uma violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia”, disse o contra-Almirante John Kirby, porta-voz do Pentágono, em conferência de imprensa. Se a Rússia não ordenar a saída dos camiões, alegadamente carregados com ajuda humanitária, isso terá consequências e pode levar a um maior "isolamento" do país, avisou.
Após a notícia da entrada de cem camiões na Ucrânia, avançada pela agência Reuters, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano considerou a acção uma “invasão directa” que ia contra as leis internacionais, mas referiu que o Governo não ia reagir militarmente.
A ajuda humanitária a bordo dos camiões visava apoiar as milhares de pessoas, que segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), podem estar sem acesso a água, electricidade ou a cuidados médicos devido aos combates entre forças governamentais e pró-russas no leste da Ucrânia.
NATO atenta às movimentações russas
Nos últimos dias, o exército russo transportou soldados e artilharia para o território ucraniano e está a disparar contra as forças de Kiev, avança o jornal “The New York Times”, que cita uma fonte da NATO. Ao que tudo indica, Moscovo terá 18 mil soldados “preparados para combater” junto à fronteira.
Estas notícias vêm assim confirmar a suspeita dos países ocidentais de que o Kremlin poderia estar a alimentar os meios dos separatistas pró-russos na Ucrânia.
Desde meados de Agosto que a NATO tem recebido informações de que a Rússia estaria envolvida nos confrontos entre os rebeldes e o exército ucraniano, explica o mesmo jornal citando Oana Lungescu, porta-voz da Aliança Atlântica. “A artilharia russa está a ser usada contra as forças armadas ucranianas, tanto na fronteira como de dentro da Ucrânia”.
A União Europeia também já condenou a entrada dos camiões russos no território ucraniano, sem o consentimento de Kiev, e pede a Moscovo que volte atrás na sua decisão. “Isto é uma clara violação da fronteira ucraniana e vai contra as disposições anteriores alcançadas entre a Urânia, a Rússia e o Comité Internacional da Cruz Vermelha”, reagiu o porta-voz de Catherine Ashton, representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.