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Sindicato admite desconvocar greves no Brasil, mas Dilma tem que ceder

26 jun, 2013 • Pedro Marques Silva

Onda de protestos populares surpreendeu os sindicatos brasileiros, disse à Renascença o presidente da UGT Brasil, Ricardo Patah.

Sindicato admite desconvocar greves no Brasil, mas Dilma tem que ceder

As centrais sindicais brasileiras convocaram acções de protesto e paralisações para 11 de Julho. Em declarações à Renascença, o presidente da UGT Brasil Ricardo Patah diz que a “bola” está agora do lado da presidente.

Dilma Rousseff recebe, esta quarta-feira, os representantes dos trabalhadores. Se o governo aceitar dialogar e ceder a algumas reivindicações, que passam por uma saúde e educação de qualidade e redução do horário de trabalho, os sindicalistas admitem desconvocar os protestos.

“A greve é o último argumento que nós temos para conseguir as demandas da classe trabalhadora. Se o Governo sinalizar na reunião desta quarta-feira encadeamentos ou soluções para as principais bandeiras do movimento sindical, não há dúvida que não vai haver paralisação no dia 11”, garante o presidente da UGT Brasil.

Ricardo Patah admite que as manifestações populares apanharam os sindicatos de surpresa, mas está feliz por os brasileiros terem acordado para a política.

“Essas questões nos pegaram de surpresa, mas os elementos colocados, discutidos e debatidos, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) tem colocado sistematicamente para os nossos representados e, em especial, para o Governo. Agora, por mais surpreendidos que estejamos, estamos muitos felizes por ter no Brasil um povo que era considerado adormecido na sua politização, coloca com enfase, de forma pacífica, as bandeiras que nós nos orgulhamos de empunhar, em especial, a bandeira da cidadania.”

Entre as reivindicações das centrais sindicais está a redução de 44 para 40 horas de trabalho, a educação de qualidade e a saúde. Os trabalhadores destes sectores “têm sofrido muito nos últimos anos”, sublinha Ricardo Patah.

O líder sindical considera que “nos momentos importantes” a população vai continuar a demonstrar descontentamento e a “interferir na política”.

“Isso significa a democracia participativa. O mundo vai deixar de ter, na sua democracia, a questão de votar e ser votado, de ter apenas os três poderes: o legislativo, executivo e judicial. Passa a ter um poder que é o mais importante de todos, que é o poder popular, a voz das ruas”, conclui Ricardo Patah.