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"Funeral de Portugal" leva à demissão do comandante da GNR de Braga

07 set, 2012 • Celso Paiva Sol

Coronel Matos Gonçalves teve a responsabilidade directa de autorizar a cedência de militares para a peça de teatro em que um caixão com o formato do território nacional foi a enterrar.

"Funeral de Portugal" leva à demissão do comandante da GNR de Braga
O funeral aconteceu esta quinta-feira, em Guimarães. O cortejo fúnebre começou frente à estatua de D. Afonso Henriques, no Paço dos Duques, e seguiu rumo ao Toural, terminando junto à muralha onde se assinala "aqui nasceu Portugal". Trata-se de uma performace do artista plástico, Miguel Januário ao abrigo do projecto MAISMENOS no âmbito da Capital europeia da Cultura. Levar os portugueses a reflectir sobre o estado do país foi o objectivo do artista, que anunciou que Portugal ainda vai renascer

O comandante territorial de Braga da GNR, coronel Matos Gonçalves, foi exonerado do cargo. É a consequência mais significativa até ao momento da participação de militares da Guarda numa peça de teatro intitulada "O Funeral de Portugal".

O comandante-geral da GNR, Newton Parreira, ordenou quinta-feira a abertura de um processo de averiguações com natureza urgente. Antes mesmo da conclusão do processo, recebeu em audiência o comandante de Braga, tendo decidido exonerá-lo do cargo.

O coronel Matos Gonçalves, a quem coube a responsabilidade directa de autorizar a cedência dos militares para a peça de teatro, abandona funções de imediato, sendo substituído pelo actual segundo comandante de Braga.

O caso foi revelado quarta-feira pela Renascença e passou-se nas ruas de Guimarães, no âmbito da Capital Europeia da Cultura.

Os militares participaram fardados e armados e até disparam uma salva de tiros quando um caixão com o formato do território nacional foi a enterrar.

Ouvida pela Renascença, a associação que denunciou este caso mostra-se satisfeita pela sanção exemplar que foi aplicada ao principal responsável pelo insólito caso ocorrido a 17 de Agosto.

O presidente da ASPIG José Alho diz que era a única solução tendo em conta a gravidade do caso. “Por ser uma peça teatral, não significa que a GNR participe nestas fantochadas. Nós estávamos à espera que houvesse consequências. Como militar que fez o juramento à bandeira, eu recusava-me terminantemente a enterrar o meu país, pelo qual o jurei com o sacrifício da própria vida”, defende.

O presidente da Associação Socioprofissional Independente da Guarda também diz que situações como esta só são possíveis dentro da GNR porque os comandos têm tanta autonomia que na verdade fazem o que querem.