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Agricultores do continente doam 120 toneladas de palha à Madeira

07 ago, 2012

Solidariedade depois dos incêndios que devastaram as pastagens.

Agricultores do continente doam 120 toneladas de palha à Madeira

Cerca de 120 toneladas de palha vão ser enviadas esta terça-feira para a Madeira para ajudar os agricultores locais que viram as suas pastagens destruídas pelo incêndio que afectou a região no mês passado.
 
A palha está a ser preparada em Loures para embarcar para a Madeira e foi doada por cinco centenas de produtores de cereais do Continente, através de uma campanha de solidariedade da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP).
 
A acção da CAP surge na sequência de um pedido urgente dos agricultores da Madeira, cujas pastagens ficaram destruídas com o incêndio.
 
"Numa semana e meia conseguimos reunir a palha que nos pediram e que será aquela que os agricultores madeirenses consideram necessária para aguentar o período do verão até que haja novamente erva", explicou aos jornalistas o presidente da CAP, João Machado.
 
O responsável da CAP, que esteve esta tarde em Loures com o secretário de Estado da Agricultura, José Albuquerque, a acompanhar os trabalhos de preparação para o embarque, realçou a importância desta ajuda, sobretudo num período em que os agricultores do Continente também estão a ter dificuldades em obter palha.
 
"Este foi um ano difícil para os agricultores porque no inverno não choveu e teve de se dar a palha aos animais que estava armazenada agora para o verão. Ou seja, eles estiveram a dar aos agricultores madeirenses aquilo que eles próprios não têm e que têm de importar", realçou.
 
Por seu turno, o secretário de Estado da Agricultura explicou que o Governo se comprometeu a garantir juntamente com o Governo Regional da Madeira o transporte da palha desde o Continente até ao Funchal.
 
"Há uma semana tínhamos feito um primeiro envio de cerca de 50 toneladas e agora estamos a fazer o segundo envio. Estamos muito satisfeitos por verificar que existe esta solidariedade entre os agricultores", sublinhou.
 
José Albuquerque referiu que o Governo tem neste momento no terreno medidas de "estabilização de emergência" e que "o mais rapidamente possível" irá abrir um programa de "potencial produtivo agrícola" para ajudar os agricultores da Madeira a substituir os equipamentos agrícolas que ficaram destruídos e os animais que morreram.
 
"Sejam autarquias ou produtores individuais podem já apresentar a despesa e essa vai ser elegível. Vamos abrir essa medida num período pós incêndio, mas a elegibilidade da despesa é retroactiva a partir do momento do incêndio", apontou.
 
Há três semanas, 400 focos de incêndios surgiram em diversos pontos da ilha, com fogos considerados críticos nos concelhos do Funchal, Santa Cruz, Calheta, Ribeira Brava e Porto Moniz.
 
Cerca de 50 habitações danificadas, dezenas de viaturas e palheiros destruídos, centenas de animais e muitas explorações agrícolas afectados pelo fogo e uma extensa área florestal consumida pelas chamas são algumas das consequências destes incêndios.