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Inter-Gerações identifica centenas de idosos que vivem sozinhos

04 jun, 2012 • Filomena Barros

Levantamento dos casos foi demorado porque se optou por dar tempo aos idosos para falarem da sua vida, explica coordenadora do projecto.  

Inter-Gerações identifica centenas de idosos que vivem sozinhos
Os jovens que participam no programa Inter-Gerações identificaram 331 idosos sozinhos na cidade de Lisboa.

A iniciativa da Santa Casa da Misericórdia foi criada, em Março, para dar resposta à situação dos mais velhos, que vivem sem rede de apoio de instituições ou de familiares.

Os idosos em questão vivem sozinhos, sem cuidado ou cuidador, apresentam problemas de saúde e muitos precisam de serviços de apoio, como explica Rita Valadas, do Departamento de Acção Social da Santa Casa da Misericórdia.

“Encontrámos 13 idosas que se auto-cuidam, avaliada a situação temos uma consciência de que aquelas pessoas precisam de alguma atenção, porque vivem sozinhas em grande esforço pessoal.”

Rita Valadas, do Departamento de Acção Social da Santa Casa da Misericórdia, lembra o ponto de partida.

“O Inter-Gerações parte da consciência que temos de que há muitas pessoas escondidas em casa por várias razões. Umas porque não têm conhecimento da existência dos serviços e outras por causa da pobreza envergonhada, porque acham que não precisam de ajuda”, explica.

Mas a verdade é que precisam e a todos os casos foi dada resposta, para o Serviço de Apoio Domiciliário, Atendimento Social e alguns para serviços relacionados com saúde.

Para averiguar a extensão destes problemas foram realizados 20.136 inquéritos em 42 freguesias da cidade de Lisboa. O levantamento foi demorado, porque foi preciso dar tempo aos idosos.

“Optámos por uma estratégia de não só fazer um levantamento diagnóstico, mas também de dar oportunidade às pessoas de falar da sua vida. Por isso levou mais tempo, mas também é mais importante para os idosos fazer assim”.

Além dos 331 casos registados através deste programa, foram encaminhados mais 88 casos de idosos sozinhos, identificados pela PSP e pelo programa SÓS da Câmara de Lisboa.

Falta fazer o levantamento em 10 freguesias e por isso o programa Inter-Gerações foi prolongado até final de Junho. Falta bater à porta de quem vive na zona histórica, Alfama, Mouraria, Bairro Alto, entre outras, onde praticamente só vivem idosos.
Rita Valadas diz que muitos até desculpam a ausência dos filhos.

Este programa pretende ser, por isso, um alerta. As instituições não conseguem substituir o afecto de familiares nem conseguem estar sempre tão perto como os vizinhos. Um alerta que tem até como alvo os próprios jovens do programa Inter-Gerações.