Barragem Foz Tua

EDP enterra casa das máquinas para não ameaçar Património da Humanidade

28 fev, 2012 • André Rodrigues

Novo projecto para enquadrar a barragem de Foz Tua na paisagem classificada do Alto Douro Vinhateiro tem a assinatura do arquitecto Eduardo Souto de Moura e reduz substancialmente o impacto visual da obra. Futura barragem tem conclusão prevista para 2015.

EDP enterra casa das máquinas para não ameaçar Património da Humanidade
A proposta de projecto apresentada pelo anterior Governo levantou dúvidas à UNESCO, depois de uma queixa apresentada pelos Verdes, o que levou mesmo o Comité do Património da Humanidade a ameaçar com a perda de estatuto da paisagem da região.

Na nova versão, hoje apresentada pelo Prémio Pritzker 2011, o edifício inicialmente plantado no meio da montanha é reposicionado debaixo da terra. Eduardo Souto de Moura diz que se visualiza “apenas as vísceras e não um caixote, porque não é necessário. A barragem e toda a envolvente são bonitos, portanto não é preciso inventar mais coisas”.

A alteração encarece o projecto orçado em 330 milhões de euros, mas o agravamento é inferior a 1% do custo global da obra. “Na prática, estamos a falar de menos de dois milhões de euros”, esclarece o presidente executivo da EDP, António Mexia, que considera a derrapagem justificada, “porque traz um valor adicional que é a integração da barragem no espaço, sem o descaracterizar”.

De futuro, o presidente da EDP quer aplicar o modelo de Foz Tua às casas de máquinas em projecto. E com a assinatura dos melhores arquitectos do mundo. “Queremos ter os prémios Nobel da Arquitectura a fazerem casas de máquinas, o que é uma inovação a nível mundial”, a que se associa o “primeiro roteiro de arte pública em 10 barragens, com obras de 10 artistas nacionais que vão colocar Portugal num circuito único com enorme impacto a nível do desenvolvimento regional”, conclui.

Argumentos do presidente da EDP que pacificam as vozes mais críticas entre os autarcas da região do Tua.

Com a ameaça da desclassificação da zona afastada, Artur Cascarejo, autarca de Alijó e presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, considera que “caem por terra os argumentos contra o projecto”.

O autarca lembra que “aquilo que Souto de Moura vai fazer com a barragem é exactamente aquilo que fez quando fez o estádio de Braga: ele escavou uma pedreira e meteu um estádio lá dentro… Aqui é a mesma coisa: abre-se uma montanha e, em vez de se construir o edifício lá em cima, com todas as máquinas à vista, dissimula-se a estrutura, integrando-a na paisagem”.