19 jan, 2012
Quase metade (44%) dos portugueses prefere outra forma de Governo à democracia, segundo revela o estudo "A Qualidade da Democracia em Portugal: a Perspectiva dos Cidadãos", que vai ser apresentado hoje em Lisboa.
Os autores do trabalho - Pedro Magalhães, Luís de Sousa e Ekaterina Gorbunova - interpretam este dado como uma evidência de que, "acima de tudo, os portugueses têm fraca confiança nos agentes políticos e nas instituições políticas da nossa democracia”.
O politólogo António Costa Pinto considera que os resultados “não devem apanhar de surpresa uma parte da opinião pública portuguesa”, dado que a credibilidade do sistema democrático está em queda há mais de uma década.
“Não vai ser fácil gerir essa insatisfação nos próximos dois anos”, sublinha Costa Pinto, em declarações à Renascença, uma vez que “a cura de emagrecimento que o poder de compra e alguns direitos sociais dos portugueses vão sofrer nos próximos dois anos" dificilmente será alterada.
“A grande vantagem é que, pelo menos nesta conjuntura da democracia portuguesa, estes regimes [democráticos] sobrevivem à grande desconfiança da sua cidadania”, acrescenta António Costa Pinto.
“A Qualidade da Democracia em Portugal: a Perspectiva dos Cidadãos" é o primeiro grande estudo sobre a percepção da democracia em Portugal. Foi realizado em Julho do ano passado, através de trabalho de campo, para o barómetro da qualidade da democracia, utilizando um universo de 1207 inquiridos. Um em cada seis considera que um sistema autoritário poderá ser mais benéfico em determinadas circunstâncias.
O estudo "A Qualidade da Democracia em Portugal: a Perspectiva dos Cidadãos" é hoje apresentado num colóquio no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa.