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EDP reformula barragem do Tua e promete "melhor enquadramento ambiental"

07 dez, 2011

UNESCO já avisou que Alto Douro Vinhateiro pode perder classificação de Património Mundial.

EDP reformula barragem do Tua e promete "melhor enquadramento ambiental"
A EDP está a reformular o projecto da central eléctrica da barragem de Foz Tua, de modo a enquadrar a obra no Douro Vinhateiro Património da Humanidade e criar mais um motivo de atracção e valorização. O anúncio foi feito depois de a UNESCO ter avisado que esta obra poderá retirar à região a classificação de Património Mundial.
A EDP está a reformular o projecto da central eléctrica da barragem de Foz Tua, de modo a enquadrar a obra no Douro Vinhateiro Património da Humanidade e criar mais um motivo de atracção e valorização.

A garantia foi dada pelo director geral do projecto da barragem, Freitas da Costa, durante uma visita realizada ontem ao local, adiantando que a EDP está a trabalhar com "o arquitecto de reconhecido prestígio internacional Souto de Moura para conseguir a melhor solução possível e para que a barragem venha a constituir um valor acrescentado para o local".

Segundo explicou à agência Lusa, a barragem em si – ou seja, o paredão – fica no limite do Alto Douro Vinhateiro, sendo a central de produção de energia que já se encontra em pleno Património da Humanidade.

Os eventuais impactos da barragem de Foz Tua no Douro Vinhateiro motivaram uma recomendação ao Estado português por parte da UNESCO, o organismo mundial responsável pela classificação como Património da Humanidade, depois de visita da ICOMOS, grupo técnico da UNESCO, para avaliar os referidos impactos, na sequência de uma queixa apresentada pelo Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV).

Num relatório concluído no final de Junho e remetido ao Governo português em Agosto, a ICOMOS aponta os impactos negativos e graves da construção do empreendimento e sublinha que o Estado português não adoptou todos os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO.

O responsável pela barragem na EDP, Freitas da Costa, disse à Lusa que, dentro de cinco anos, quando a obra estiver concluída, quem passar na zona do Douro Vinhateiro, sobretudo, de barco, "vai ver a barragem", mas garantiu que a empresa está a fazer um "imenso trabalho ao longo da albufeira e zona envolvente para que se consiga uma integração o melhor possível".

"Tenho a certeza de que a solução que vai ser construída vai ser muito boa do ponto de vista do enquadramento ambiental e vai ser, sendo um projecto do arquitecto Souto Moura, mais um motivo de atracção e de valorização desta região", acrescentou.

Carrilho diz que já tinha avisado
Também Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura, afirma que já tinha avisado o Governo para esta situação.

carrilho recorde-se foi o ministro da cultura que em 1995 preservou as gravuras rupestres de Foz côa em detrimento da construção da barragem. Dezasseis anos depois a Renascença foi saber o que mudou em Foz côa desde então e encontrou reacções mistas entre os locais. Alguns consideram que tudo mudou, para pior e perguntam onde estão os turistas prometidos. Outros, porém, apontam para a construção de novas infra-estruturas como um benefício palpável da decisão de preservar as gravuras, consideradas património da humanidade.

[Notícia actualizada às 13h30]