Centenas de emigrantes rumam, por estes dias, ao Santuário de S. Torcato em Cabaços, Moimenta da Beira, para cumprirem um ritual secular.
No santuário, todos convergem para a capela, datada do século XII, que pertenceu a um antigo mosteiro de monges de Santo Agostinho, que dedicaram o espaço a S. Torcato, um dos primeiros santos da Península Ibérica.
Na capela, uma das mais antigas do país, encontra-se a primitiva imagem do santo, segurando o livro de pontífice e a palma de mártir, vestido com uma espécie de libré, de calção até ao joelho e chapéu de três bicos na cabeça. Neste espaço, encontramos vestígios remotos, como a tulha: um orifício onde os populares doavam cereais para os monges que ali viveram.
“S. Torcato foi mandado por S. Pedro e S. Paulo para a Península para evangelizar. Foram sete varões e um deles foi S. Torcato. Foi perseguido e martirizado. Lá, em Guadix, encontraram intactos o coração e o crânio”, conta o vice-presidente da fábrica da Igreja de Cabaços, Manuel Bernardes.
No interior da capela é possível observar as mais antigas ofertas dedicadas a S. Torcato. “São peças em madeira, mãos, braços, pernas, patas de animais”, mostra Manuel Bernardes à Renascença.
Os peregrinos rumam ao Santuário de S. Torcato para cumprirem um ritual secular. “Esperam no altar, pacientemente, pela sua vez, de modo a colocarem o chapéu do santo, e vê-se a maneira como ficam satisfeitos, por causa da fé que os eleva a este ponto”, diz Manuel Bernardes, com emoção.
Este domingo, o chapéu de S. Torcato voltará a passar por centenas de cabeças de emigrantes.