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Lisboa

Onde havia ratos e lixo há agora jardins. Moradores deram vida ao Bairro Padre Cruz

03 ago, 2015 • Redacção

Meia centena de voluntários puseram mãos à obra e procederam à limpeza de terrenos abandonados, que serão doados e transformados em jardins ou hortas comunitárias.

Onde havia ratos e lixo há agora jardins. Moradores deram vida ao Bairro Padre Cruz
"É um projecto e um trabalho em equipa", diz, com orgulho, o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, em Lisboa, enquanto mostra à Renascença as ruas já requalificadas pelo projecto "A Nossa Rua". É notória a diferença face ao resto do Bairro Padre Cruz: as paredes estão limpas, sem graffitis e nasceram jardins e hortas onde antes havia ervas daninhas, lixo e ratos.

Começou de uma maneira muito simples o projecto que mudou a forma como se vive neste bairro social, o maior da Península Ibérica: numa conversa de cozinha, em Abril, onde um rapaz de oito anos confessou não gostar do bairro onde vivia por ser sujo.

Lançado por um grupo de moradores, o projecto "A Nossa Rua" foi distinguido pelo "EcoFreguesias XXI", programa que premeia esforços ambientais ao nível local.

A ideia saltou para o terreno dois meses depois, com a ajuda da Junta de Freguesia de Carnide, Câmara de Lisboa e associações locais. Meia centena de voluntários puseram mãos à obra e procederam à limpeza de terrenos abandonados, que serão doados e transformados em jardins ou hortas comunitárias.

Aos cerca de 50 voluntários, juntam-se ainda os moradores das ruas que vão sendo alvo de melhorias – mesmo os idosos ou os cidadãos com deficiência, que contribuem oferecendo água.

O tempo dos ratos e das osgas
É "um projecto que exige muito dos moradores, inclusivamente, abdicar, por vezes, de certas coisas da vida pessoal", diz Paulo Farinha, morador e impulsionador desta ideia. Mas "é muito gratificante ver os resultados e a reacção dos moradores do bairro".

Há muitos anos que os moradores pediam melhorias no bairro, que existe há cerca de 60 anos.

"Não podemos estar melhor agora. Antes, estava muito sujo, havia ratos, osgas, havia de tudo!", diz Guilhermina Garibaldi, de 81 anos, uma das moradoras mais antigas do bairro. "Agora não, agora o presidente da Junta diz que temos de ter cuidado com o quintal e que temos de ter responsabilidade de ter isto limpo".

"Espero ainda ser do meu tempo ver o bairro todo limpinho", diz, emocionada.

Para Fábio Sousa, este é um projecto fundamental porque "pressupõe que as pessoas sejam parte integrante da solução dos seus problemas".