Tradição polémica. GNR já tem lista de pessoas que estiveram na “Queima do gato”

02 jul, 2015

Processo judicial no Tribunal de Vila Flor foi desencadeado por várias denúncias contra esta alegada tradição em São João. A população local garante que nunca morreu nenhum animal.

Tradição polémica. GNR já tem lista de pessoas que estiveram na “Queima do gato”
A GNR já tem uma lista de pessoas que estiveram no recinto da "queima do gato", nas festas de São João, Vila Flor, no distrito de Bragança.

As Relações Públicas do Comando Distrital de Bragança da GNR adiantaram que prosseguem as diligências para identificar os participantes nos actos que podem constituir crime e que os resultados da investigação serão enviados para tribunal.

O Ministério Público de Vila Flor delegou na GNR a investigação deste caso e deu 30 dias àquela força de segurança para concluir as diligências, cabendo depois ao tribunal concluir que se há matéria para acusação e levar a julgamento possíveis implicados, de acordo com as Relações Públicas da Guarda em Bragança.

O processo judicial no Tribunal de Vila Flor foi desencadeado por várias denúncias contra esta alegada tradição popular de São João denominada "Queima do Gato", que envolve um animal vivo.

Às participações já feitas junta-se agora também uma da associação ANIMAL que divulgou ter formalizado, na quarta-feira, uma queixa a pedir "que seja apurada a responsabilidade concreta de todos quantos actuaram como autores ou cúmplices das várias contra-ordenações cometidas, bem como do crime de "maus-tratos a animais".

Outras organizações também já tinham apresentado queixa, nomeadamente o Partido Pessoas Animais Natureza (PAN) e o Grupo Gatos Urbanos.

Ritual denunciado nas redes socais
O caso foi tornado público pela associação MIDAS (Movimento Internacional em Defesa dos Animais) através do vídeo que alguém que esteve na festa publicou na Internet. A gravação com a duração de cerca de cinco minutos "mostra um gato colocado dentro de um recipiente de barro e levantado a alguns metros de altura, num poste".

O poste é coberto de palha e ateado fogo até o pote cair ao chão com o animal, que começa a correr em chamas desorientado em volta do lume e entre a população.

A população local garante que nunca morreu nenhum gato e que "está bem" o animal do vídeo oferecido por uma habitante local para o ritual.

O crime de maus-tratos a animais de companhia é punido com pena de prisão até um ano ou de multa até 120 dias. A moldura penal é gravada para pena de prisão até dois anos ou de multa até 240 dias se resultar a morte do animal, a privação de importante órgão ou membro ou a afectação grave e permanente da sua capacidade de locomoção.