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Bruxelas rendida à gastronomia portuguesa. Agora, é o capão de Freamunde

28 mai, 2015

Iguaria tradicionalmente consumida no Inverno, sobretudo na época de Natal por altura da Feira de Santa Luzia, recebe denominação de indicação geográfica protegida.  

Bruxelas rendida à gastronomia portuguesa. Agora, é o capão de Freamunde

O capão de Freamunde foi inscrito pela Comissão Europeia na lista das indicações geográficas protegidas. Esta iguaria é por tradição consumida no Inverno, sobretudo na época de Natal, por altura da Feira de Santa Luzia, a 13 de Dezembro, quando se realiza a semana gastronómica dedicada àquela especialidade.

O capão de Freamunde, é um frango ainda jovem criado em liberdade com alimentação maioritariamente à base de pastagens naturais. 

Este é o segundo produto nacional a ser reconhecido esta semana. A Comissão Europeia atribuiu na terça-feira a denominação de indicação geográfica protegida ao pastel de Chaves.

Concretização de um sonho antigo
O presidente da Associação de Criadores de Capão de Freamunde considera que o reconhecimento de Bruxelas é um sonho antigo.

"É uma alegria enorme. É a concretização de um sonho, porque foi sempre o nosso objectivo desde 2001", disse à agência Lusa Ricardo Graça quando tomou conhecido da certificação.

Para o dirigente que representa 63 produtores de capão, a distinção atribuída pela União Europeia reconhece a especificidade daquela iguaria e ajuda a promovê-la em todo o país e até no estrangeiro. "É uma alavanca, porque queremos alargar horizontes para fora do país, mas não queremos massificar o capão, porque é um produto nobre", afirmou.

O capão é um frango castrado antes de atingir a maturidade sexual e que se destina exclusivamente à produção de carne.

Ricardo Graça explica que a certificação europeia e a nacional são importantes, porque definem um "caderno de encargos", com as regras de criação da ave, limitada ao Vale do Sousa, que todos os produtores têm de cumprir.

Um produto sazonal
O capão à Freamunde é tradicionalmente comercializado em Dezembro, sobretudo no Natal. Em 2014, afirmou Ricardo Graça, foram vendidos 2.800 capões, a maioria dos quais adquiridos por restaurantes.

O dirigente reconheceu que o capão ainda é um produto sazonal, mas frisou haver cada vez mais pessoas a encomendar aos restaurantes a preparação da iguaria noutras alturas do ano.

Segundo assinalou, há cada vez mais restaurantes do concelho de Paços de Ferreira a incluir o Capão à Freamunde nas suas ementas. "Há restaurantes que encomendam aos produtores quase 200 capões", especificou, sublinhando, por outro lado, que os clientes da restauração têm origem em vários pontos do país.

O interesse na criação das aves, sinalizou ainda o dirigente, também está a aumentar entre os mais novos, sobretudo os filhos dos produtores tradicionais, a maioria agricultores, que se dedicavam ao capão como um complemento de rendimento.

Actualmente, explicou Ricardo Graça, os mais novos já olham para o animal como um negócio com potencial económico.