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MP italiano atribui responsabilidades pelo naufrágio a comandante do pesqueiro

21 abr, 2015

As autoridades italianas, que coordenaram as operações de resgate, confirmaram 28 sobreviventes e 24 cadáveres. Os sobreviventes foram salvos pela embarcação de bandeira portuguesa.

MP italiano atribui responsabilidades pelo naufrágio a comandante do pesqueiro
Centenas de pessoas podem ter morrido na sequência do naufrágio de uma embarcação com 700 imigrantes ilegais que saiu da Líbia na madrugada de sábado para domingo. As primeiras imagens da operação de resgate já foram divulgadas. A guarda costeira italiana recebeu o pedido de ajuda por volta da meia-noite e pediu a um cargueiro com bandeira portuguesa, que se desviara da rota, para auxiliar a embarcação em apuros.
As autoridades italianas atribuem ao comandante do pesqueiro, que transportava centenas de migrantes, a responsabilidade pelo naufrágio ocorrido no domingo. Cerca de 800 pessoas continuam dadas como desaparecidas.

Segundo a Agência France Press, o Ministério Público de Catânia, Sicília, alega que uma série de erros do comandante e o excesso de pessoas a bordo levaram ao desastre.

Ainda segundo os procuradores, o pesqueiro embateu no cargueiro de bandeira portuguesa, antes de se virar, mas isenta a tripulação do navio de qualquer responsabilidade. 

Nas últimas horas, muito se tem especulado sobre as causas do naufrágio de uma embarcação que transportava cerca de 900 imigrantes. Citando Carlotta Asami, porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a CNN avançava  como possível causa da tragédia um toque ou uma onda provocada pelo navio “King Jacob”, que foi em socorro da embarcação naufragada.

"Eles afirmam que houve uma altura em que eles [navio em socorro] estavam muito perto e, provavelmente, o que aconteceu foi que um grande navio provocou uma grande onda que poderá ter feito virar o barco", declarou Asami, citada pela CNN.

A porta-voz do ACNUR disse ter falado com alguns dos sobreviventes do naufrágio quando estes chegaram a Catânia, em Itália.

As autoridades italianas, que coordenaram as operações de resgate, confirmaram 28 sobreviventes e 24 cadáveres. Os sobreviventes foram salvos pela embarcação de bandeira portuguesa.

Mediterrâneo com 30 vezes mais migrantes mortos
Mais de 1.750 migrantes morreram no Mar Mediterrâneo desde o início de 2015, anunciou a Organização Internacional das Migrações (OIM).

"O balanço de mortes em 2015 é actualmente de mais de 30 vezes o total do ano passado nesta data", afirmou em Genebra o porta-voz da OIM Joel Millman, citado pela agência France Presse.

Entre 1 de Janeiro e 21 de Abril do ano passado registaram-se 56 mortes de imigrantes no Mediterrâneo, acrescentou. O período mais trágico de 2015 registou-se na última semana, com um total de mais de mil mortes.

Só no fim-de-semana passado, cerca de 800 imigrantes morreram em naufrágios de embarcações partidas da Líbia com destino a Itália.

Nos dias anteriores, 400 pessoas morreram na terça-feira, 14 de Abril, e 50 na sexta-feira, além de números mais baixos registados quase diariamente.

Perante estes números, a organização afirma "recear que o total de 3.279 mortes em 2014 seja ultrapassado dentro de algumas semanas e possa chegar aos 30.000 no fim de 2015".