Termas de Chaves reabrem para tratar centro e norte da Europa

28 mar, 2015 • Olímpia Mairos

Após obras de requalificação, complexo termal de Chaves reabre este sábado. Um investimento superior a três milhões de euros para conquistar o mercado internacional e atrair ao concelho aquistas principalmente do norte e centro da Europa.

Termas de Chaves reabrem para tratar centro e norte da Europa
“Este é melhor balneário do país. Aliamos as instalações à qualidade da água. É um dos principais motores da economia local”, afirma o presidente da autarquia de Chaves, António Cabeleira, ao anunciar a reabertura das Termas de Chaves.

As Termas de Chaves foram alvo de obras de requalificação no âmbito do projeto “AQUAE – Centro de Competências em Turismo, Termalismo, Saúde e Bem-Estar”, num investimento de 3,1 milhões de euros.

O espaço reabre com três valências: saúde, bem-estar e reabilitação física, nos quais haverá o acompanhamento de fisiatras e fisioterapeutas.

António Cabeleira avança que está a ser preparado um plano de promoção agressivo no sentido de recuperar os aquistas que frequentavam o complexo e também para conquistar mais utentes nacionais e internacionais.

O objectivo, sublinha o autarca, é “fazer de Chaves um verdadeiro destino termal, capaz de atrair quem vive no centro e norte da Europa” e, com isso, "criar emprego na região”.

“Temos um Inverno equiparado à Primavera de alguns países, estâncias termais de grande qualidade, património, cultura, gastronomia e paisagens”, explica António Cabeleira.

Termas a funcionar o ano inteiro
Paulo Alves, vereador e responsável pela empresa que gere o complexo termal, acrescenta que o objectivo da remodelação foi também “separar as áreas do tratamento e do lazer, para criar condições para as termas funcionarem o ano inteiro”.

A intervenção nas termas de Chaves contemplou ainda a requalificação da área envolvente, melhoria das condições de segurança, serviço e conforto, construção das acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e criação de um observatório de investigação às águas termais.

A requalificação do balneário termal permitiu criar 12 postos de trabalho, prevendo-se que possam ser contratados até 55 funcionários sazonais na época alta. Em 2013, as termas receberam cinco mil aquistas.

As Termas de Chaves têm uma tradição milenar que remonta ao Império Romano. Com águas indicadas não só para tratamentos de doenças reumáticas, osteoarticulares, do aparelho digestivo e das vias respiratórias, mas também para tratamentos de manutenção, recuperação física e de beleza, estas águas são consideradas as mais quentes da Península Ibérica e as águas bicarbonatadas sódicas mais quentes da Europa, com uma temperatura à nascente de 73 graus durante todo o ano.

Empresários esperam recuperar negócio
Os 17 meses de encerramento das termas causaram elevados prejuízos à restauração e hotelaria de Chaves.

João Guedes, gerente hoteleiro nas imediações do balneário termal, fala em prejuízos “incalculáveis”.

“Os clientes das termas representam ente os 35% e os 37% de facturação do hotel”, conta à Renascença, acrescentando que “perder esses clientes, ainda por cima em tempo de crise, representou um prejuízo elevadíssimo”.

O empresário refere ainda a “não criação de emprego para diversas pessoas que estão habituadas a trabalhar no período sazonal cinco a seis meses e que não tiveram oportunidade onde ganhar dinheiro”. Desta forma, A reabertura das termas é vista, por isso, como uma “excelente notícia”.

Jaime Ribeiro, proprietário de um restaurante e de uma residencial, refere que a reabertura “já peca por ser tardia”, pois “a facturação desceu mais de 50%”. Mas, diz, “mais vale tarde do que nunca”. E lamenta o “prejuízo inimaginável” suportados pela ausência de clientes.

Este empresário espera agora recuperar os clientes e o negócio, mas teme que “alguns já não voltem”. Apela, por isso, à autarquia para que invista numa “boa campanha de promoção” para “atrair gente nova à cidade”.

Também Ilda Lobo, proprietária de um restaurante junto ao complexo termal, espera que seja possível recuperar a facturação do passado, afirmando que “o termalismo é muito importante para a restauração, mas também para a hotelaria e até para o comércio tradicional de Chaves”.

O seu restaurante, tal como muitos outros, registou “uma perda grande de clientes que já eram habituais há muitos anos”. A empresária fala na “perda de muito dinheiro”, porque, diz, “se os clientes não vieram, já não se faz negócio”.

A reabertura das termas faz surgir de novo a esperança e a perspectiva de negócio nos comerciantes de Chaves.