Emissão Renascença | Ouvir Online

Presidente do INEM processa quem o acusa de atrasar uma operação de socorro

05 mar, 2015

Caso passou-se na segunda-feira. De acordo com o sindicato, uma ambulância com uma doente prioritária, onde seguia a mulher do presidente do INEM, mudou a sua rota, para que ela entrasse a horas no hospital onde trabalha.

O presidente do INEM vai avançar com processo-crime contra quem o acusa de atrasar uma operação de socorro. Em causa está o desvio de uma ambulância com uma doente prioritária onde seguia a mulher do presidente do INEM, para que ela entrasse a horas no hospital onde trabalha.

Em declarações aos jornalistas antes da cerimónia de assinatura de um protocolo, Paulo Campos disse que está em causa o seu nome, bem como o da sua família.

O caso ocorreu na segunda-feira, pelas 13h00, e envolveu a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) de Gaia, que acompanhava uma ambulância com a doente para o hospital de Santo António (Porto).

O Sindicato dos Técnicos de Ambulância e Emergência (STAE) apresentou queixa junto da Inspecção-geral da Saúde (IGAS). No documento enviado à IGAS, a que a agência Lusa teve acesso, o sindicato refere que, "sendo a doente considerada prioritária, nunca poderia existir qualquer desvio do percurso, dado que se corria o risco de a doente sofrer consequências mais graves".

Segundo o relato feito nesta carta, quando a ambulância teve de parar numa passagem de nível fechada, a condutora da VMER (enfermeira e mulher do presidente do INEM) decidiu alterar a rota para que a equipa fosse rendida.

Ainda de acordo com o STAE, foi o próprio presidente do INEM que transportou a equipa que ia substituir a da sua mulher, tendo-a depois levado ao hospital de Gaia, onde iria entrar ao serviço. A queixa refere também que o presidente do INEM, Paulo Campos, entrou na ambulância para cumprimentar toda a equipa e a doente.

"O INEM decidiu desviar uma doente prioritária para a enfermeira, esposa do major Paulo Campos, entrar ao serviço pontualmente, no bloco operatório do hospital onde trabalha", diz a carta.

Nas declarações aos jornalistas, o presidente do INEM sublinhou que é um dos profissionais de emergência médica mais diferenciados e, por isso, jamais atrasaria uma operação de socorro "pelo que quer que seja".

Em declarações à Renascença, a Comissão de Trabalhadores do INEM garante que também vai apresentar queixa à IGAS e que, tal como em qualquer outra situação anómala a envolver este serviço, o caso será analisado.