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Restrições a carros velhos em Lisboa já estão a gerar controvérsia

15 jan, 2015

Presidente do ACP defende que o alvo deveriam ser os transportes públicos, que "poluem mais do que todos os carros juntos". Autarquia argumenta: “A cidade de Lisboa não tem um controlo directo sobre os transportes públicos".

Restrições a carros velhos em Lisboa já estão a gerar controvérsia
A partir desta quinta-feira, os automóveis com mais de 15 anos estão proibidos de entrar no centro de Lisboa, nos dias úteis, entre as 7h00 e as 21h00. A Renascença apanhou a boleia de dois condutores que vão deixar de poder levar os seus carros para a cidade.

As restrições à circulação de carros velhos na cidade de Lisboa são uma medida descabida que não vai ter efeitos práticos, defende o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP).

Carlos Barbosa considera, em declarações à Renascença, que a decisão de restringir o acesso de veículos ao centro da cidade não teve em linha de conta o actual parque automóvel.

O presidente do ACP defende que mais eficaz seria uma intervenção ao nível dos transportes públicos. “Porque é que eles não fazem reduções de circulação de transportes públicos na Baixa? Quando os transportes públicos estavam junto ao rio e não poluíam, puseram os transportes públicos para dentro, na Rua do Arsenal. Só os transportes públicos em Lisboa, sozinhos, poluem mais do que todos os carros juntos que circulam durante o dia em Lisboa”, argumenta Carlos Barbosa.

O director da Mobilidade e Transporte da Câmara de Lisboa, Tiago Farias, afirma que as restrições à entrada de carros velhos, que são os mais poluidores, acontecem no âmbito da obrigação da autarquia em cumprir normas ambientais europeias.

“Há um desafio ambiental que pretende ser vencido e, para tal, todos temos de colaborar”, sublinha em declarações à Renascença

Questionado se as restrições que entraram esta quinta-feira em vigor deviam ser antecedidas por outras medidas na área dos transportes públicos e do estacionamento nas periferias, Tiago Farias diz que a autarquia tem feito “esforços nesse sentido”, mas está limitada na sua actuação.

“A cidade de Lisboa não tem um controlo directo sobre os transportes públicos, que gostaria de ter e já manifestou interesse. Está também a ser feito um esforço para devolver o espaço público aos visitantes e residentes de Lisboa, é um conjunto de medidas que se complementam, mas esta é uma das mais importantes porque a principal fonte de poluição no centro da cidade de Lisboa não vem da indústria, vem do sector dos transportes”, refere o director da Mobilidade e Transporte da Câmara de Lisboa.  

Já o coordenador dos estudos relacionados com as zonas de emissão reduzida, Francisco Ferreira, sublinha que esta é uma questão de saúde pública.

Os taxistas queriam mais tempo para se adaptarem às novas exigências ambientais para circular em Lisboa.

O presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis ligeiros (Antral) considera que cerca de mil táxis podem precisar de renovação para cumprir os critérios ambientais.

Florêncio Almeida revela que existe uma alternativa à compra de automóveis novos carros, através de uma adaptação mecânica nos motores, mas lamenta que, apesar dos testes já realizados por uma universidade e pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMTT), esse aparelho ainda não esteja homologado, uma vez que poderia permitir a circulação em Lisboa dos táxis mais antigos com um custo de 250 euros, em vez de obrigar a comprar um automóvel novo.

Os automóveis com matrículas anteriores a 2000 e a 1996 passam a estar proibidos, já a partir de quinta-feira, 15 de Janeiro, de circular, entre as 7h00 e as 21h00 dos dias úteis, no centro da cidade de Lisboa.

As restrições de circulação para os carros com matrículas anteriores a 2000 dizem respeito à zona 1, que vai do eixo da Avenida da Liberdade à Baixa. Esta zona da cidade é limitada a norte pela Rua Alexandre Herculano, a sul pela Praça do Comércio e abrangendo a zona entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas.

Já os carros com matrículas anteriores a 1996 ficarão impedidos, a partir de quinta-feira, de circular na zona 2, definida pelos limites Avenida de Ceuta, Eixo Norte-Sul, Avenidas das Forças Armadas, dos Estados Unidos, Marechal António Spínola, do Santo Condestável e Infante D. Henrique.