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Ministro acusado de ser “peso morto” na municipalização das escolas

07 jan, 2015

Fenprof pretende "continuar a negociar com o Governo", mas admite que falta "saber se existe ou não capacidade democrática de ouvir as autarquias e os representantes dos docentes".

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) considera que o ministro da Educação é um "peso morto" na municipalização das escolas, mas admitiu que tal não impede as negociações com o Governo.

"Não sei se vale a pena [falar com Nuno Crato]. Nem sei se ele sabe com o que se está passar. Pareceu-nos que quem coordena este processo não tem nada a ver com o Ministério da Educação, mas com o Ministério do Desenvolvimento Regional e a secretaria de Estado da Administração Local", descreveu Mário Nogueira, em declarações à agência Lusa, no fim de uma reunião em Matosinhos.

"Penso que, como no resto, temos um ministro e um ministério que é um peso morto", afirmou o responsável, criticando o Governo por não estar "a tentar descentralizar competências" mas a "sacudir água para o capote das câmaras".

De acordo com Mário Nogueira, a Fenprof pretende "continuar a negociar com o Governo", mas admite que falta "saber se existe ou não capacidade democrática de ouvir as autarquias e os representantes dos docentes".

O responsável espera para breve o agendamento de discussões sobre esta matéria nas comissões parlamentares e no plenário, até "para a Assembleia da República se pronunciar sobre o assunto".

Impedir mudanças negativas
Mário Nogueira sustentou que a gestão dos professores é "um entre outros aspectos" que preocupa a Fenprof, destacando a inquietação com as "matérias curriculares, em relação aos quais tem de haver uma perspectiva mais global".

"Tudo o que temos feito até agora não é obstaculizar a mudança, mas impedir uma mudança que seria extremamente negativa para o país e para as escolas", afirmou.

De acordo com o responsável, "um aspecto importante" neste debate foi o governo não ter, como pretendia, assinado até ao fim de 2014 contratos com as 20 câmaras escolhidas para participar no projecto-piloto da municipalização das escolas.

"A Fenprof é favorável ao processo de descentralização, mas contrária à desresponsabilização do poder central", vincou.

A estrutura entregou a 22 de Dezembro na residência oficial do primeiro-ministro um abaixo-assinado com cerca de 21 mil assinaturas contra a municipalização do ensino e uma "proposta concreta" com soluções para a descentralização na educação.