Greve no Natal

Governo analisa requisição civil para a TAP

17 dez, 2014

Executivo tomará "todas as medidas" possíveis para garantir a "normalidade" de serviços da transportadora aérea, diz Passos Coelho.

Governo analisa requisição civil para a TAP

O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que o Governo vai analisar no Conselho de Ministros desta quinta-feira uma eventual requisição civil para a TAP e tomará "todas as medidas" possíveis para garantir a "normalidade" de serviços da transportadora aérea, avança a Lusa.

Em conferência de imprensa, no final da III Cimeira Luso-Cabo-verdiana, realizada em Lisboa, no Palácio das Necessidades, questionado se vai ser decretada uma requisição civil para a TAP, Pedro Passos Coelho respondeu: "Essa é uma questão de ordem interna, que não deixará de ser analisada amanhã [quinta-feira] no Conselho de Ministros".

Passos referiu que não estará presente nessa reunião (participará no Conselho Europeu, em Bruxelas). "Mas tenho a certeza de que o Governo tomará todas as medidas que considerar adequadas para garantir, na medida do possível, daquilo que a lei confere, a normalidade em serviços que são tão importantes para o país como é aquele que é servido pela TAP".

PP quer "atitude firme"
Para o deputado do CDS-PP Hélder Amaral, a greve anunciada na TAP é "insensata" e merece "atitude firme" do Governo, caso não haja "bom senso" por parte dos trabalhadores.

"Esta greve, para nós, é insensata porque o direito à greve, que não está aqui em causa, é também um acto de responsabilidade. Este número de dias na época do Natal parece-nos uma greve insensata, irresponsável e esperávamos que os trabalhadores pudessem ponderar e dar sinais ao país de que possa não se concretizar", afirmou, após receber representantes dos funcionários da TAP, no Parlamento. 

"Para não nos acusarem, como é normal, de que nós nacionalizarmos prejuízos e privatizarmos lucros, esta privatização tem isso tudo. É uma privatização que engloba lucros e prejuízos e dota a companhia das condições para continuar a ser uma bandeira e uma referência para o país", defendeu o parlamentar democrata-cristão. 

"Se não houver esse bom senso nem essa responsabilidade, o que dizemos é que o Governo tem de ter uma atitude firme, defender o interesse nacional e usar todos os mecanismos ao seu alcance para reduzir ao máximo os prejuízos de uma greve", declarou ainda Hélder Amaral.

PCP acusa Governo
Já o PCP descreve um “ambiente de autoritarismo” em relação à eventual requisição civil na TAP.

"Aquilo que de pior o Governo fez até agora, que foi provocar esta escalada de chantagens tem agora essa resposta, que é a pior de todas - criar um ambiente de autoritarismo e de restrições e condicionamentos a um direito constitucional (a greve) e a um dever de todos nós, que é lutar em defesa da TAP", referiu o deputado Bruno Dias, após reunião, no Parlamento, com a comissão de trabalhadores da companhia aérea.

Os 12 sindicatos que representam os trabalhadores da TAP - grupo que entretanto o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), afecto à UGT, abandonou - convocaram uma greve de quatro dias, na sequência da recusa do Governo de suspender a privatização da companhia.

Mais de dez mil clientes contactaram a TAP para pedir a anulação de reservas de voos ou a alteração de datas, devido ao pré-aviso de greve para os dias 27 a 30 de Dezembro, segundo a companhia aérea, que contava com cerca de 130 mil reservas para o período da paralisação.

[Notícia actualizada às 15h47]