O ex-bastonário da Ordem dos Advogados Rogério Alves diz que o arrastar do interrogatório de José Sócrates “não tem a ver com a gravidade da diligência, mas sim com a sua complexidade”.
O ex-primeiro-ministro volta esta segunda-feira ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, para ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre.
"Durante algum tempo entendeu-se que todo o processo tinha de estar concluído em 48 horas: a detenção, a apresentação ao juiz, a conclusão do interrogatório e a definição das medidas de coacção", explicou, esta segunda-feira, Rogério Alves à
Renascença.
"Acontece que, em processos com mais do que um arguido, por vezes é impossível que os interrogatórios se processem todos em 48 horas, sendo que o Tribunal Constitucional já admitiu um alargamento deste período".
Além de Sócrates, foram detidas mais três no âmbito da "Operação Marquês". Para esta segunda-feira, é esperada a decisão do juiz Carlos Alexandre sobre as medidas de coacção a aplicar aos quatro detidos no âmbito desta investigação que levou à detenção do ex-primeiro-ministro, do seu amigo de longa data e antigo administrador do grupo Lena Carlos Santos Silva, do motorista de José Sócrates, João Perna, e do advogado Gonçalo Trindade Ferreira.
À
Renascença,
no sábado, Rogério Alves disse que a detenção do antigo governante vai além do que é a regra das formalidades judiciais, reconhecendo a detenção de um antigo primeiro-ministro como algo de raro e, por esse motivo, “histórico”.
O antigo governante socialista foi detido na sexta-feira à noite (dia 21), quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris, no âmbito de um processo de suspeitas de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. É a primeira vez na história da democracia portuguesa que um ex-primeiro-ministro é detido para interrogatório judicial.
Um comunicado da Procuradoria-Geral da República esclareceu que investigação é independente de outros inquéritos, como o "Monte Branco" ou "Furacão", adiantando que teve origem numa comunicação bancária, "efectuada ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) em cumprimento da lei de prevenção e repressão de branqueamento de capitais".
Tudo sobre a detenção de José Sócrates