Universidades, escolas e pais querem explicações sobre cortes

06 nov, 2014 • Hugo Monteiro, Paulo Ribeiro Pinto e Rodrigo Machado (grafismo)

Reitores estão pessimistas quanto aos cortes previstos no OE para o ensino superior. E nos outros ciclos de ensino também se teme os efeitos das reduções de verbas.

Universidades, escolas e pais querem explicações sobre cortes
Com que linhas se cosem os ministérios que mais impacto têm na vida dos portugueses? Da série "O Orçamento num Minuto", o essencial dos números do ministério da Educação e Ciência, no dia em que o ministro Nuno Crato presta contas no Parlamento.

O ministro da Educação apresenta esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2015 numa audição conjunta da Comissão de Orçamento e Finanças e da Comissão de Educação, Ciência e Cultura. Os reitores, os directores das escolas e os pais estão preocupados com os cortes previstos e com a falta de investimento no sector.

O recentemente eleito presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) está pessimista quanto aos cortes previstos no Orçamento do Estado para o ensino superior.

António Cunha diz à Renascença que não tem "expectativas de alterações desse quadro" de cortes. O também reitor da Universidade do Minho lembra que, "face àquilo que foi comunicado, está previsto um corte global, médio, para as universidades, face à dotação do ano passado, de 1,5%".

O presidente do CRUP gostaria que Nuno Crato, perante os deputados, se pronunciasse sobre algumas "questões em aberto, nomeadamente as resultantes das decisões do Tribunal Constitucional e dos aumentos dos encargos com salários para o próximo ano, que não estão previstas neste documento do Orçamento".

Lamenta ainda que neste Orçamento haja "vários articulados, em vários pontos, que vão contra a desejável autonomia universitária". "As universidades não querem um tratamento de excepção, mas são entidades que estão em competição internacional por fundos que são essenciais para conseguirem manter a sua actividade com a qualidade que têm vindo a manter. Assim, não percebemos a carga de restrições adicionais com que somos confrontados neste Orçamento, e nos orçamentos dos últimos três anos", sustenta.

Directores de escolas e pais expectantes
Os cortes previstos para outros níveis de ensino preocupam a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos de Escolas Públicas.

O vice-presidente, Filinto Lima, lembra que o Governo quer cortar cerca de 700 milhões na educação contra o que deveria ser "um investimento forte ao nível do primeiro ciclo".

"Estamos na expectativa de saber em que áreas concretas vai haver menos investimento", sublinha.

Já a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) assume ter "muita dificuldade em perceber onde é possível cortar".

Jorge Ascenção diz que "falta explicar onde é que se prevê fazer o corte de 700 milhões na educação não prejudicando, ainda mais, o estado em que está o ensino e a falta de recursos que ainda se sentem nas escolas públicas portuguesas".

O presidente da CONFAP assume que gostaria de ouvir de Crato a garantia de que as escolas vão ter "a manutenção necessária" e as suas infra-estruturas recuperadas", e que, nos estabelecimentos de ensino, não irão faltar "as equipas multidisciplinares e os técnicos especializados a trabalhar a inclusão das crianças nas escolas e a trabalhar com as famílias".