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Protestos de norte a sul. Alunos manifestam-se contra cortes e políticas do Governo

23 out, 2014

Manifestação a nível nacional contesta o corte de cerca de 704 milhões de euros no ensino básico e secundário previsto na proposta de Orçamento de Estado para 2015, conhecida na semana passada.

Protestos de norte a sul. Alunos manifestam-se contra cortes e políticas do Governo

Lisboa, Porto, Arraiolos, Évora e Campo Maior são palco de manifestações de estudantes esta quinta-feira. Pedem demissão do Governo por desinvestir nas escolas e exibem cartazes a dizer “basta”.

Alunos de várias escolas de Lisboa estavam pelas 11h00 concentrados frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, contra os cortes de verbas no ensino básico e secundário e em defesa de "um futuro melhor".

A ideia do protesto partiu da associação de estudantes da Escola Secundária Santa Maria, em Sintra, que decidiu organizar uma manifestação a nível nacional contra o corte de cerca de 704 milhões de euros no ensino básico e secundário previsto na proposta de Orçamento de Estado para 2015, conhecida na semana passada.

"Em outras zonas do país, os alunos estão a manifestar-se em frente das suas escolas mas nós, aqui em Lisboa, decidimos vir para a porta do ministério", contou à Lusa Maria Almeida, aluna do 10.º ano de Humanidades da escola António Damásio. 

Alunos pedem do Governo no Porto
Cerca de 150 estudantes de seis da zona do Porto manifestaram-se a pedir a demissão do Governo, criticando o desinvestimento constante na escola pública, que tem criado "turmas ilegais" quando "continua a existir dinheiro para a banca".

"Queremos melhorar as condições de estudo e lutar por uma escola pública gratuita e de qualidade. Estamos contra o desinvestimento e os cortes que se têm vindo a acumular e que fizeram com que tivéssemos turmas ilegais, com mais de 30 alunos, e falta de funcionários", disse à Lusa Inês Miranda, de 17 anos, da Escola Secundária Almeida Garret, em Gaia, na concentração junto à estação da Trindade.

"Apesar do desinvestimento, investem na banca com milhões que nos pertencem a nós", criticou a aluna, uma das organizadoras do protesto no Porto, depois do apelo dos estudantes da Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, para que todas as escolas do país "se organizassem de forma a saírem à rua em luta".

Faltam condições e professores no Alentejo
Alunos do ensino básico e secundário de Évora, Arraiolos e Campo Maior, no Alentejo, manifestaram-se contra as políticas de educação do Governo e para exigir mais investimento nas escolas.

Em Évora, o protesto juntou algumas dezenas de alunos das escolas secundárias Gabriel Pereira e André de Gouveia e consistiu num desfile entre a Praça do Giraldo e a câmara municipal.

A "falta de condições nas escolas é uma realidade", dando como exemplo o caso da sua, a André de Gouveia, onde "chove dentro das salas e há falta de funcionários e de professores", contou Bruno Charneca, um dos porta-vozes dos manifestantes.

Em Arraiolos, segundo os promotores do protesto, dezenas de alunos da Escola Cunha Rivara faltaram às aulas e concentraram-se junto ao estabelecimento de ensino. A "privatização das cantinas das escolas, os muitos cortes na educação, as turmas sobrelotadas e a falta de funcionários e professores" são algumas dos problemas apontados por Mariana Beja, porta-voz dos manifestantes de Arraiolos.

No Alto Alentejo, também dezenas de alunos do Agrupamento de Escolas de Campo Maior protestaram contra a falta de professores, entoando palavras de ordem durante uma concentração em frente ao estabelecimento de ensino.

Corte de 200 milhões
O ministro da Educação, Nuno Crato, já veio garantir que o corte orçamental real rondará os 200 milhões de euros, uma vez que houve despesas este ano (na ordem dos 500 milhões) que o Ministério da Educação e Ciência não voltará a ter: as rescisões de professores, os retroactivos relativos a remunerações, a mudança do sistema de descontos para ADSE, os -custos com a Parque Escolar e as cativações orçamentais.

Segundo Nuno Crato, o corte de 200 milhões não deve implicar "o encerramento de escolas nem o despedimento de professores".