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"Defender a vida é algo que tem de ser feito independentemente das crenças"

03 out, 2014 • Carolina Rico

Catarina Rosa tem dúvidas sobre a fé, mas não duvida de uma coisa: no momento da concepção, nasce "uma vida". Por isso, vai estar na Caminhada pela Vida, este sábado.

De uma coisa Catarina está convicta: a vida começa na concepção. "Dizer que, nesse momento, apenas estamos a falar apenas de um aglomerado de células que não pode ser considerado uma pessoa não faz sentido: somos todos aglomerados de células".

Catarina Rosa, 17 anos, estuda na área de Ciências e Tecnologias. Para ela, que é agnóstica, a definição de "vida" depende da consciência de cada um.
"Para uns, pode começar a partir do momento em que nasce o bebé. Para outros, a partir do momento que o feto tem um coração ou a partir do momento que é considerado um feto", diz.

Mas, para Catarina, "aquilo que é criado no momento da concepção pode ainda não ser um bebé, nem um feto sequer, mas é uma vida. Se não acabarmos com a vida aí, ela vai crescer e tornar-se um bebé, uma criança, um adulto".

Catarina será uma das participantes da Caminhada pela Vida, que, este sábado, percorrerá algumas ruas de Lisboa. É a terceira vez que participa na iniciativa da Federação Portuguesa Pela Vida.

Reflectir é preciso
Catarina tem dúvidas acerca da fé, mas não duvida que "defender a vida é algo que tem de ser feito independentemente das crenças ou de conhecimentos sobre biologia".

Foi a partir do momento em que viu nascer os irmãos mais novos, há dois e três anos, que consolidou a sua opinião contra a despenalização da interrupção voluntária de gravidez (IVG).

Muitas pessoas "acham que não têm de ter uma opinião formada desde que não aconteça com elas", mas este "não é um assunto em que as pessoas se podem manter neutras": ou se é contra ou a favor – e todos devem defender as suas convicções.

Reflectir sobre assuntos polémicos como este nem sempre é fácil, por isso "muitas pessoas tentam não pensar muito nisso". Não que se tenham esquecido de que a questão existe e deve ser discutida, "mas com a crise e tantos problemas outras questões importantes são descuradas".

"O direito a nascer"
Catarina defende, acima de tudo, o "direito a nascer", até porque, defende, existem informação e métodos contraceptivos disponíveis, acessíveis a todos, para evitar uma gravidez não desejada.

"Se alguém não quer ter um filho deve ir a consultas e planeamento familiar" ou recorrer considerar a adopção, uma alternativa que, considera, "é mais aceitável que o aborto por dar à vida a oportunidade de acontecer".

Independentemente das circunstâncias, Catarina diz não conseguir conceber uma defesa da IVG. Ainda assim, perante uma situação extrema, como a existência de uma grave malformação fetal, defende que "as pessoas têm de ser mais compreensivas".

Se o nascimento significa que o bebé vai viver durante um curto período de tempo e em sofrimento constante, "ninguém pode julgar uma mãe por decidir abortar perante uma situação dessas".

A Caminhada pela Vida realiza-se este sábado. Parte do Largo Camões às 15h00 e dirige-se até à Assembleia da República, onde este ano haverá alguns discursos, animação musical e a leitura de uma mensagem enviada pelo Papa Francisco.