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Freixo de Espada à Cinta muda de imagem e aposta na seda

16 set, 2014 • Olímpia Mairos

Autarquia quer fazer da seda imagem de marca e transformá-la num produto capaz de potenciar a economia local e regional.

Freixo de Espada à Cinta muda de imagem e aposta na seda
A autarquia de Freixo de Espada à Cinta quer revitalizar, “a curto prazo”, o ciclo de produção de seda em modo artesanal e transformar o produto em imagem de marca e activo económico do concelho.

“A seda é um produto que, ao longo dos anos, teve uma grande importância económica no concelho, já que daqui saíram peças de seda artesanal que se encontram em vários pontos do mundo”, conta à Renascença a presidente da autarquia, Maria do Céu Quintas.

Para além da promoção dentro e fora do país, a câmaraa pretende criar uma estrutura de rectaguarda que tenha a seu cargo a parte da produção e confecção de peças em seda pura para serem comercializadas. Será também criado um museu dedicado a esta actividade, um equipamento que está concluído e que custou cerca de 500 mil euros.

"Somos únicos na produção de seda artesanal. Por este motivo, temos que aproveitar e fazer renascer esta mais-valia e transformá-la num produto capaz de ajudar a potenciar a economia local e regional ", argumenta a autarca.

Terras de seda, imagem de marca
O primeiro passo para a divulgação da seda freixenista passou pela criação de uma nova imagem corporativa do concelho, onde todo o material promocional e de divulgação engloba um novo logotipo acompanhado da frase “Terras de Seda - Freixo de Espada à Cinta”.

"A nova imagem corporativa assenta na produção de seda em modo artesanal, para assim mantermos viva esta actividade ancestral. Freixo de Espada à Cinta é o único território da Península Ibérica que obedece ao método artesanal”, refere a presidente da Câmara.

A ideia da autarca de Freixo de Espada à Cinta passa por revitalizar a confecção das tradicionais colchas, almofadas ou panos de mesa, mas, sobretudo, apostar num design inovador capaz de atrair as gerações mais novas.

“Quem sabe se alguns dos jovens do concelho não terão aqui uma oportunidade de criar um negócio, através de um produto reconhecido mundialmente”, projecta Maria do Céu Quintas.

Seda oportunidade de “ouro”
Susana Martins dedicou-se, durante oito anos, ao ciclo da seda. Confeccionou vários produtos e marcou presença em várias feiras no país e no estrangeiro. Há cerca de dois anos, caiu no desemprego, mas diz que nunca deixou de criar o bicho-da-seda.

“Nunca parei, porque, se deixasse de criar o bicho-da-seda, isto morria, não haveria matéria-prima para fazer a extracção do fio da seda”, conta. Susana saúda a intenção da autarquia em reactivar a actividade da produção de seda no concelho e vê aqui uma “oportunidade de ouro” para relançar de novo a sua vida, até porque, como sublinha, “a actividade é rentável e os produtos muito procurados”.

Actividade rentável e produtos muito procurados
Apesar dos preços, encomendas não faltam e, por vezes, é preciso esperar cerca de um ano por uma colcha em seda de Freixo de Espada à Cinta.

A título de exemplo, uma colcha de seda produzida pelo método utilizado em Freixo de Espada à Cinta poderá atingir 10 mil euros e um conjunto de panos de mesa pode rondar os 650 euros.

A peça mais em conta é a toalha de baptismo, que ronda os 160 euros e tem grande procura.