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Crianças transformam latas de conserva em máquinas fotográficas

14 set, 2014

Voluntários realizaram a primeira oficina no bairro na Cova da Moura. A ideia veio do Brasil, mas o material é "made in" Portugal.

O projecto "Lá Tinha" ensina miúdos do bairro da Cova da Moura, na Amadora, a fotografar com máquinas fotográficas, que os próprios constroem tendo como base latas de sardinhas.

O "Lá Tinha" começou a nascer há dois anos, no Brasil, onde Diego Bastos Cunha morava, "trabalhava na área da administração e queria mudar de vida". A inspiração veio de uma amiga que "fazia 'workshops' com máquinas fotográficas que ela construía de caixas de fósforos". "Aquilo fascinou-me e ficou-me na cabeça", contou à agência Lusa.

Entretanto, Diego mudou-se para Portugal para "estudar e adquirir conhecimentos técnicos". Na altura, sentiu "vontade de retribuir, ensinando crianças através das caixas de fósforos".

Reutilizar a lata de sardinha
Apresentou a ideia ao amigo Bob Ferraz, co-autor do projecto. "Ele olhou e disse para fazermos numa lata de sardinha. É Portugal e vamos reutilizar", recorda.
 
Ao perceber que "o filme cabia mesmo na lata de sardinha", bastaram "15 dias a desenvolver o protótipo, para os miúdos poderem montar muito rápido".

"Fazemos tudo com o recurso dos amigos, mão-de-obra e muito boa vontade", refere Diego, garantindo que "compensa".

Contactaram uma orientadora social, a quem falaram no desejo de trabalhar na Cova da Moura. "Queríamos mudar o olhar, reciclar o olhar que as pessoas têm daqui. E nada melhor do que através do olhar de umas crianças, que são puras e querem mostrar o carro ou a escola", diz.

A revelação é o próximo passo
No final do ano passado, realizaram a primeira oficina no bairro, com crianças entre os 12 e os 14 anos. Este mês voltaram, desta vez para trabalharem com miúdos mais novos.

Diego e os restantes voluntários estão agora a "aplicar algumas melhorias" no projecto. "A latinha está mais fácil de montar e estamos a pensar levá-los para o processo de revelação", conta.

Mas para isso andam atrás de apoio para poder potencializar. "Temos o objectivo de fazer 12 oficinas em Lisboa. Precisamos de mais apoio para podermos realizar todas e depois queremos disseminar. Queremos que o projecto vire um passa-palavra", diz.