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Aqui há "pães de forma"

31 ago, 2014

Oficina do Seixal é especialista em recuperar a icónica carrinha da Volkswagen. Restauros podem chegar aos 300 mil euros.

Aqui há "pães de forma"
O restauro de carrinhas modelo Kombi da Volkswagen, mais conhecidas como "pães de forma", começou há nove anos como "uma brincadeira" para António Rodrigues, mas é hoje um negócio cada vez mais procurado, que já dá emprego a 8 pessoas numa oficina do Seixal. O restauro de cada veículo demora cerca de um ano e pode custar entre 70 e 100 mil euros.
O restauro de carrinhas modelo Kombi da Volkswagen, mais conhecidas como "pães de forma", começou há nove anos como "uma brincadeira" para António Rodrigues. O negócio e as encomendas cresceram e os clientes vêm de toda a Europa.

A Vintage Vans, no Seixal, dedica-se exclusivamente ao restauro de "pães de forma", cujo fabrico se iniciou nos anos 1950 e foi entretanto interrompido.
 
"Nunca foi um projecto pensado de raiz. Começou devagarinho e a determinada altura começou a haver muitas solicitações e começámos a fazer disto um negócio", recordou António Rodrigues, o dono da oficina, em declarações à Lusa. A procura é "muita", notou, referindo que "nos últimos cinco anos evoluiu muito".
 
Os trabalhos da Vintage Vans são requisitados sobretudo por coleccionadores, embora também já tenham aparecido algumas empresas, que querem utilizar as carrinhas para fazerem campanhas móveis.  



Os clientes não olham a custos para recuperar o seu 'pão de forma'. Foto: Manuel de Almeida/Lusa

Restauro pode ir até aos 300 mil euros
O restauro demora cerca de um ano, o que se explica com um processo que passa por "desmanchar a carrinha, decapar, reparar tudo o que é chapa", alterar a parte mecânica toda, pintar, reparar estofos, entre outros. 
 
"Estamos a falar de um carro 100% restaurado", algo que custará entre os 70 e os 100 mil euros, mas poderá ir mesmo até aos 300 mil euros. 
 
Os preços podem parecer elevados, mas António Rodrigues garante que "só assim se pode conceber um restauro de um carro". 
 
"Fala-se destes valores e as pessoas chocam-se", disse, comentando que "é possível pôr-se um carro destes a andar por 15 ou 20 mil euros, não pode é dizer-se que é um carro restaurado". 
 
Nas carrinhas que chegam à Vintage Vans não há nenhum parafuso que não seja zincado nem uma peça que não seja cromada.  
 
"Recorremos a estofos que são fabricados nos Estados Unidos, que é a única empresa que faz estofos iguais aos originais, e um sem número de peças que são todas tratadas uma a uma. Para restaurar tudo são muitas peças e é muito trabalho, muita mão-de-obra", referiu.  
 
Como nova - ou melhor
António Rodrigues garante que vale a pena o investimento, já que as "pães de forma" "ficarão iguais ou melhores que novos". 
 
"Dantes eram utilizados outro tipo de materiais, em termos mecânicos eram melhores seguramente, em termos de preparação de chapa e de pintura tenho algumas dúvidas", disse. 
 
Hoje trabalham na Vintage Vans oito pessoas. No início era apenas António Rodrigues, que "não tinha formação em mecânica". 
 
"Não se aprende sozinho. Com quem sabe, vai-se aprendendo. Lê-se, procura-se. Hoje com a Internet é um mundo de informação, se a gente tiver boa vontade e gostar é relativamente fácil aprender", disse, referindo que no caso das 'pães de forma' "é tudo mecânica, não é como os carros de hoje em que é tudo electrónica". 
 
O modelo Komb da Volskwagen começou a ser vendido em 1950. Em 1979 deixou de ser produzido no seu país de origem, a Alemanha, o que foi acontecendo também noutros países que o fabricavam. 
 
Restou o Brasil, que fabricou aquele modelo até ao ano passado, altura em que o fabricante foi forçado a fechar portas por causa da nova legislação rodoviária brasileira, que obriga os veículos a disporem de "airbags" duplos e sistema ABS.