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As “Damas Enfermeiras” da Primeira Guerra Mundial

28 jul, 2014

Foram para a guerra sem armas e viram os horrores de um dos piores conflitos do século XX. O seu exemplo levou à criação das escolas de enfermagem de Lisboa e do Porto.

As “Damas Enfermeiras” da Primeira Guerra Mundial
Em 1916, quando a sociedade ainda limitava o papel da mulher aos cuidados do lar, dezenas de senhoras da mais alta sociedade partiram para a I Guerra Mundial como enfermeiras. Maria Francisca Dantas Machado, filha do Presidente da República Bernardino Machado, foi uma dessas “damas enfermeiras”. Fez o curso de enfermagem, partiu para França e por lá morreu, em 1918. O seu sobrinho, Manuel Sá Marques, recorda a Tia Maria, que nunca conheceu pessoalmente, mas que marcou toda a sua infância.
Foi há precisamente 100 anos que começou a Primeira Guerra Mundial.  Portugal entrou no conflito só em 1916, mas entre os quase 90 mil homens que partiram para as trincheiras, encontravam-se dezenas de mulheres que lutavam, também, mas pela saúde dos seus conterrâneos.

As “Damas Enfermeiras” são algumas das heroínas portuguesas da Primeira Grande Guerra, mas uma em particular captou o coração do país. Maria Francisca Machado, filha do então presidente da República, Bernardino Machado, era uma delas, talvez a mais conhecida de todas.

Morreu em 1918, já longe da frente de batalha, quando acompanhava o seu pai no exílio, em Hendaye.

“A morte dela comoveu a comunidade”, explica o seu sobrinho, Manuel Sá Marques, que nunca conheceu a “Tia Maria” e que hoje é médico.

O apoio das mulheres ao Corpo Expedicionário Português em França, sobretudo no hospital de Ambleteuse, levou o governo a criar, em 1918, as escolas de enfermagem de Lisboa e do Porto.

Portugal em duas frentes
O historiador Nuno Severiano Teixeira, autor de livros sobre a Primeira Guerra Mundial, explica que o Governo português participou neste conflito em duas frentes distintas.

Por um lado havia a necessidade de preservar as colónias, o que levou ao envio de tropas para Angola e Moçambique. Mas a grande polémica foi o envio dos cerca de 90 mil soldados para a frente europeia, na Flandres, que se saldou numa derrota que mostrou a inexperiência dos militares portugueses e nunca foi bem aceite ou compreendida pelo povo.