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Especialistas denunciam atentado ao património no coração de Lisboa

17 jul, 2014 • Maria João Costa

Cinco movimentos de cidadãos alertam que projecto de construção de um parque de estacionamento subterrâneo ameaça o Aqueduto das Águas livres, o Jardim do Príncipe Real e o Jardim Botânico.

Um grupo de especialistas denuncia um atentado contra o património natural e edificado da zona do Príncipe Real, em Lisboa. Em causa está a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, com quatro pisos, que ameaça, entre outras coisas, o Aqueduto das Águas livres, o Jardim do Príncipe Real e o Jardim Botânico.

Especialistas em mobilidade, urbanismo, ambiente, arquitectura e património, de cinco movimentos de cidadãos, juntaram-se e esta quinta-feira promovem uma conferência de imprensa para contestar o impacto da obra. Em uníssono, contestam o projecto de um estacionamento subterrâneo, que tem 13 anos, e que agora poderá avançar.

“É um elefante numa loja de porcelana. É absolutamente intrusiva e não respeitadora de um núcleo histórico que existe nesta zona. A primeira razão é o impacto no património arquitectónico, segundo, é o impacto ambiental: estamos a falar de um jardim, de sete árvores que estão classificadas. Um projecto desta natureza não pode deixar de ter um forte impacto ambiental”, afirma José Calisto, em declarações à Renascença.

O projecto de 2002 teve parecer negativo do IPPAR. A actual Direcção-Geral do Património Cultural está de novo a apreciar o projecto que entretanto cresceu, explica Jorge Pinto.

“O projecto inicial previa três andares e o actual prevê quatro andares subterrâneos e 300 lugares de estacionamento, dos quais oferecem, entre aspas, 90 para residentes. Em relação à empresa, ela está convencida que tem ali a galinha dos ovos de ouro. Tem todo o direito de ganhar dinheiro, mas não à conta dos interesses públicos que, neste caso, são evidentes”, sublinha Jorge Pinto, à Renascença.

A Plataforma Contra o Parque Automóvel, que está a promover uma petição, junta os Amigos do Príncipe Real, o Fórum Cidadania LX, a Liga dos Amigos do Jardim Botânico, a Associação Lisboa Verde e a Árvores de Portugal.