São muitas as palavras que definem este homem da palavra. Escritor, poeta, ensaísta, cronista, tradutor: Vasco Graça Moura era tudo isto e muito mais. Morreu este domingo aos 72 anos.
O presidente do Centro Cultural de Belém (CCB)
foi homenageado no ínicio do ano Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde o Presidente da República, Cavaco Silva, o elogiou como "um intelectual no verdadeiro sentido do termo, um escritor que em vez de se refugiar nas alturas da criação artística, sente necessidade de vir a terreiro para comentar o quotidiano e dizer frontalmente o que pensa".
Nas palavras do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na altura da homenagem, Vasco Graça Moura era “um dos nossos maiores” da cultura portuguesa. “Escritor reconhecido e cidadão destemido fez sua a conciliação entre a vida do espírito e a vida da acção”, referiu.
Nascido na Foz do Douro em 1942, advogado de formação, Graça Moura foi secretário de Estado da Segurança Social e dos Retornados em 1975. Já antes em 74 tinha aderido ao Partido Social Democrata, então PPD.
A poesia já fazia parte da sua vida. Em 1963 publicou o seu primeiro livro "Modo Mudando"; a ele seguiram-se muitas obras de poesia mas também ensaios sobre Luis de Camões ou David Mourão Ferreira, 5 romances, um diário, um livro de crónicas que manteve na imprensa portuguesa; e diversas traduções de autores como Racine, Shakespeare, Moliére.
Venceu diversos prémios, entre eles em 2008, o Prémio Tradução do Ministério da Cultura italiano pela tradução da Divina Comédia de de Dante. O Prémio Pessoa chegou em 1995. Um ano antes tinha ganho o Prémio da Poesia do PEN Club, entre outras distinções.
Mas Vasco Graça Moura teve também uma vida dedicada à causa pública. Era actual administrador do Centro Cultural de Belém. Foi director de programas da RTP em 1978, administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, comissário de Portugal na Exposição Universal de Sevilha em 1992. Foi um dos mentores da Expo 98 de Lisboa, a partir do seu cargo de comissário-geral para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses que ocupou de 1988 a 1995.
A vida política levou-o até Bruxelas em 1999 onde foi eurodeputado durante 10 anos no Grupo do Partido Popular Europeu. Fez parte da comissão nacional de reeleição de Ramalho Eanes em 1980 e da comissão política da candidatura de Cavaco Silva em 95.
Voz
sempre crítica do Acordo Ortográfico, a palavra escrita é uma das heranças que deixa.
Vasco Graça Moura morreu este domingo aos 72 anos, vítima de cancro, às 12h00 no Hospital da Luz, em Lisboa.