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Dia dos centros históricos

Évora quer ser mais que património mundial

28 mar, 2014 • Rosário Silva

Envelhecido e desertificado, o centro histórico de Évora precisa de “vida”, defende Grupo Pró-Évora. Ser Património Mundial não chega, é preciso reanimar uma zona que, cada vez mais é dos turistas e menos dos eborenses.

No Dia Nacional dos Centros Históricos, o Grupo Pró-Évora alerta para a necessidade urgente de revitalizar o centro histórico de Évora. O mais antigo grupo em actividade em Portugal, na defesa do património, lembra que os anos passam e os problemas agravam-se, nomeadamente ao nível da habitação. Há dezenas de casas devolutas cujos proprietários ou se desconhecem ou não tem capacidade para cuidar dos seus bens patrimoniais.

Os jovens “fogem” para a periferia da cidade, ficam os mais velhos. O problema está a crescer e urge encontrar soluções para inverter este padrão.

“Pensamos que o centro histórico tem que ser vivido e, no caso de Évora pela sua extensão ainda com maior razão de ser. É preciso que a habitação seja revitalizada e que os habitantes tenham cuidado com o que é seu para que não se degrade. O problema não é só a falta de gente a viver dentro do centro histórico, é também a degradação que tem sofrido” lamenta Celestino David, do Grupo Pró-Évora.

Classificada Património Mundial pela UNESCO em 1986, a cidade recebe cada vez mais turistas que fazem desta cidade, a sua cidade de eleição, mas apenas por poucos dias.

O título honorífico levou Évora ao mundo, mas só trouxe prestígio e não veio acompanhado de recursos, nomeadamente de ordem financeira.

Para o responsável do grupo Pró- Évora, cuidar bem da cidade, neste caso a zona histórica é por si só, um atractivo e nem é necessário grandes “performances”. São as pessoas que dão a vida.

“Não é preciso grandes invenções, nem grandes perspectivas de animação e, sobretudo, não devemos inverter a lógica no sentido de o tornar atractivo a todo o custo para os turistas. Ele tem de ser atractivo, em primeiro lugar, para os habitantes” sublinha, à Renascença, Celestino David.

Neste dia dedicado aos centros históricos fica também uma boa noticia. Finalmente, vão ser retomadas as reuniões da Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Defesa do Património, onde estas e outras questões serão tratadas.

De acordo com o Grupo Pró-Évora, o novo executivo camarário já mostrou boa vontade para trabalhar com a sociedade civil em prol do património, apesar das limitações económicas que existem. O retomar destes encontros é um primeiro passo com vista à melhoria das condições do centro histórico de Évora e, sobretudo, para quem nele habita.