João Cravinho está "surpreendido pela extraordinária rapidez" com que chegou o apoio de 74 personalidades internacionais ao manifesto que defende a reestruturação da dívida portuguesa.
À Renascença, João Cravinho, promotor e um dos subscritores do "Manifesto dos 70", considera que o novo manifesto internacional é a melhor resposta aos críticos do texto nacional, lançado a 11 de Março.
"Estão aqui economistas de 20 países diferentes", sublinha Cravinho. Entre os signatários há consultores do FMI e do Banco Mundial a apoiar este manifesto português. É "significativo", diz Cravinho.
O antigo ministro socialista destaca a presença de cinco editores de jornais científicos internacionais na lista de subscritores. "Certamente terá chegado a altura de alguns dos nossos mais destacados críticos pensarem que não estamos nem isolados, nem fora daquilo que são bons cânones financeiros e económicos", diz.
"Pensar que essas pessoas não percebem nada, nada do assunto é um bocado ousado", remata.
O Governo desvalorizou o manifesto internacional, divulgado esta quinta-feira pelo jornal "Público".
Contra a "recessão curativa"Há 74 economistas estrangeiros a apoiar o manifesto pela reestruturação da dívida portuguesa, incluindo especialistas de relevo em instituições internacionais como o FMI e Banco Mundial. O texto é assinado por economistas que apoiam os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida pública.
Tal como o manifesto português, este documento internacional defende a rejeição do que classifica como "recessão curativa". Lê-se que a dívida pública agravou a recessão, aumentou a dívida e impôs o sofrimento social, traduzido na quebra dos salários e das pensões.
"São economistas, muitos com cargos de relevo em instituições internacionais como o FMI, editores de revistas científicas de economia e autores de livros e ensaios de referência na área", entre os quais Mark Blyth, da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, autor do melhor livro de 2013 para o "Financial Times",
"Austeridade - A história de uma ideia perigosa", revela o "Público".
No dia 11 de Março,
70 personalidades portuguesas, da esquerda à direita, apelavam à reestruturação da dívida. Entre os signatários do documento estão nomes como Adriano Moreira, Bagão Félix Manuela Ferreira Leite, Carvalho da Silva, Francisco Louçã, Ferro Rodrigues e Manuela Arcanjo.
O documento causou grande polémica, com o Governo a rejeitar em absoluto as ideias apresentadas.