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Estivadores em greve. “Não estão preocupados com a situação do país”

27 jan, 2014

Paralisação deveria terminar dia 3 de Fevereiro, mas foi prolongada até dia 10. “Não aceitamos trabalhar em condições de falta de segurança, com pessoas ao nosso lado que não sabem o que estão a fazer”, justifica o sindicato.

A Associação Comercial de Lisboa apela ao Governo que minimize os impactos na economia portuguesa da greve dos estivadores, que começa esta segunda-feira e se prolonga para Fevereiro.

“Lisboa vai deixar de ter um porto, deixar de ter interesse para todos os operadores e, provavelmente, vamos começar à procura de alternativas. E esses senhores que se estão a queixar de que o que têm é pouco vão ficar sem nada”, avisa o presidente da associação, Bruno Bobone.

“Esta greve demostra mais uma vez que os estivadores não estão preocupados com a situação dramática da economia portuguesa, não se importam de prejudicar um país que está a precisar de todo o apoio para resolver os seus problemas”, critica ainda, em declarações à Renascença.

Bruno Bobonne pede também ao Governo que reveja a legislação sobre os trabalhadores portuários.

Na base do protesto que hoje começa está o que o sindicalista António Mariano considera ser a precarização do trabalho nos portos.

“Foram despedidos 47 – 18 em Janeiro de 2013 e mais 29 em Junho – e neste momento o que existe é uma empresa de trabalho portuário que penso que terá uma dúzia de trabalhadores a quem dará alguma formação. Mas penso que nem sequer estarão preparados para trabalhar no porto, como já demonstraram algumas situações que se passaram nos últimos dias. A questão é que não aceitamos nessas condições de falta de segurança com pessoas ao nosso lado que não sabem o que estão a fazer”, justifica o dirigente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal.

A greve arranca hoje e deveria terminar dia 3 de Fevereiro, mas foi prolongada até dia 10. Os trabalhadores vão parar totalmente no primeiro turno, entre as 8h00 e as 17h00, entre 3 e 10 Fevereiro. No dia 4 Fevereiro, param também duas horas em Setúbal e duas horas na Figueira da Foz, no âmbito de um protesto europeu.

As três associações de operadores portuários enviaram uma carta aberta ao sindicato do sector mostrando a sua indignação e surpresa com o facto de os protestos surgirem "em pleno decurso do processo negocial de revisão do contrato colectivo de trabalho, que se desenvolvia com toda a normalidade".