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Aumenta o consumo de droga entre mulheres e jovens

18 dez, 2013 • Liliana Monteiro

Relatório alerta para indícios de tráfico de mefedrona e defende que troca de cachimbos para consumo de droga pode ajudar a travar infecções como o VIH.

O consumo de droga aumentou entre as mulheres e jovens em Portugal, indica um relatório sobre a situação em matérias de drogas e toxicodependência relativo a 2012, do Serviço de Intervenção dos Comportamentos Aditivos (SICAD).

O estudo indica que o consumo entre a população portuguesa tem vindo a diminuir, mas começam a surgir algumas "tendências preocupantes" ao nível das prevalências e padrões de consumo naqueles dois grupos, o que coloca "novos desafios para o futuro".

No entanto, as prevalências de consumo ao longo da vida e de consumo recente continuam a ser mais elevadas nos homens e Portugal continua a apresentar prevalências de consumo abaixo dos valores médios europeus. 
 
No âmbito do tratamento da toxicodependência, em 2012, no ambulatório da rede pública estiveram em tratamento 29.062 utentes. Dos que iniciaram tratamento no ano, 4.012 eram utentes readmitidos e 2001 novos utentes.
 
A mortalidade por consumo de droga registou uma subida no ano passado. No total, morreram 190 pessoas, destas 29 foram vítimas de overdose e as restantes foram vítimas de doenças relacionadas com o consumo.

No ambulatório, a heroína continua a ser a substância principal mais referida pelos utentes em tratamento, num total de 84%, o que não acontece ao nível dos novos utentes, para quem a cannabis é a substância principal referida, 38%, face a 34% de referências à heroína. 

De acordo com o relatório do SICAD, em 2012 foram recolhidas menos 300 mil seringas do que em 2011. O programa visava prevenir a transmissão do VIH e deixou de ser assegurado pela Associação Nacional de Farmácias, passando para os centros de saúde. O relatório revela que houve uma redução de consumos injectáveis e de partilha de material entre a população toxicodependente.

Mas há outra preocupação que começa a surgir: a partilha de cachimbos utilizados no consumo de cocaína, uma situação que abre portas a infecções e que leva o SICAD a defender que, à semelhança das seringas, também haja oferta de material para consumo não injectável.

Há ainda um outro dado relevante a destacar neste relatório: os indícios de tráfico de mefedrona, um fertilizante vegetal ilegal no nosso país que provoca os mesmos efeitos das anfetaminas. 2012 surge como o primeiro ano em que há dados que apontam para o tráfico desta substância.