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Atenção, já mudou a hora

25 out, 2013 • Carlos Calaveiras

Às 2h00 (Continente e Madeira) e 1h00 (Açores) deste domingo o relógio andou 60 minutos para trás e entrou no chamado horário de Inverno.    

Atenção, já mudou a hora
A hora mudou para o chamado horário de Inverno e o relógio atrasou uma hora. Mas a hora muda porquê? A Renascença foi falar com Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, para tirar esta e outras dúvidas.

Em primeiro lugar, convém esclarecer: a hora muda por decisão da União Europeia, agora a 28, e “tem mais a ver com o impacto social”. Segundo Rui Agostinho, “as questões económicas não justificam existência de hora de Verão, no sentido em que se pode pensar que se poupa dinheiro ou que se ganha algum dinheiro. O que os estudos mostram é que esse impacto é diminuto na economia global do espaço europeu”.

Portugal tem o fuso horário a uma hora do centro da Europa. O director do Observatório Astronómico de Lisboa garante que essa situação não é problema para Portugal e não tem impacto económico. Há um exemplo que ajuda a provar esta teoria: “Os Estados Unidos têm vários fusos horários e têm uma economia florescente. É possível fazer actividade económica da mesma maneira sem estar a forçar um país inteiro a adoptar uma hora”.

E, se houver algum sector que beneficiaria com uma mudança da hora alternativa, por exemplo igual à Europa Central, tem bom remédio: abra uma hora mais cedo, acrescenta.

O relógio e a hora do Sol
Em qualquer país o ideal é conseguir que a hora do relógio coincida, o mais possível, com a hora do Sol. Portugal até nem está nada mal nessa matéria: em média, há um atraso de 37 minutos.

“Na costa ocidental temos cerca de 9º de longitude oeste. Já estamos fora do fuso zero (o que está centrado em Greenwich). O fuso zero para o lado ocidental termina nos 7,5º (mais ou menos a zona da Covilhã), o que indica que a maior parte do território continental já está em fuso -1. Da costa oeste até ao fuso de Greenwich temos, arredondando, 37 minutos de diferença temporal”, esclarece Rui Agostinho.

O que isto quer dizer? “Quem vive na costa oeste do continente, quando o relógio diz que é meio-dia, temos que esperar ainda 37 minutos para que efectivamente seja meio-dia solar”.

O director do Observatório Astronómico de Lisboa lembra que, por exemplo, o correcto em termos de horário solar seria as ilhas dos Açores estarem no fuso horário -2 e não no -1 e a Espanha estar no mesmo fuso horário de Portugal continental.

“A Espanha ganharia em ter uma hora no relógio que se aproximasse da realidade da posição do sol no céu, porque o nosso corpo reage à posição do sol. Por isso, em Espanha, o que as pessoas fazem é ajustar, por exemplo, os horários das refeições para horas que em Portugal seriam abstrusas (jantar às 10 da noite ou almoçar às duas da tarde). Estão a almoçar com a hora do meio-dia solar”. 

É o relógio biológico que comanda a nossa vida. Este especialista conta que Portugal, desde 1911, já experimentou por três vezes o fuso horário da Europa Central e sempre recuou três ou quatro anos depois por pressão das pessoas “que não se sentiam bem” por estarem afastadas da hora solar.

Deve atrasar o relógio 60 minutos às 2h00 (Continente e Madeira) e 1h00 (Açores), para entrar em vigor o horário de Inverno.