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Exames nacionais

Alunos invadem as escolas. "Ou fazemos todos os exames ou não faz ninguém"

17 jun, 2013

Informações recolhidas pelos repórteres da Renascença, de Norte e a Sul, permitem perceber que largas centenas de alunos foram impedidos de fazer hoje exame.

Alunos invadem as escolas. "Ou fazemos todos os exames ou não faz ninguém"
Alguns alunos da Escola Secundária Mário Sacramento, em Aveiro, que não conseguiram fazer o exame de Português tentaram invadir as salas onde decorria a prova, numa escola de Aveiro, mas não conseguiram. O protesto mantém-se no átrio. A PSP foi obrigada a intervir.

“Ou fazemos todos exame ou ninguém faz”, gritavam os alunos manifestantes. A direcção da escola não sabe dizer se o exame realizado será válido.

Da parte dos professores, Carlos Dias, um dos docentes avança que apenas uma sala está a funcionar e mostra-se satisfeito com a adesão à greve. Carlos Dias considera que as condições em que os alunos estão a fazer exame “são péssimas”, pelo que a prova deve ser repetida, com todos os alunos ao mesmo tempo.

Em Braga, na escola Sá de Miranda, o exame decorreu em apenas sete salas e o presidente da associação de estudantes, Rui Gomes, considera que a situação é injusta, pelo que decidiu invadir as salas.

“Não achamos justo uns alunos fazerem o exame e outros não. Então, desestabilizámos ao máximo para que que os exames não se realizassem, mas não conseguimos. Tentámos também activar o alarme de incêndio, mas a escola desactivou-o”, conta à Renascença.

Em Viseu, os alunos da Escola Secundária Alves Martins também se manifestaram contra o facto de não terem podido fazer o exame de Português do 12.º ano e consideraram que estão a ser prejudicados.

O director da escola, Adelino Azevedo, disse aos jornalistas que, devido à greve dos professores, não puderam realizar o exame 220 alunos, de um total de 569.

"Tínhamos 166 professores convocados e fizeram greve 108", explicou, acrescentando que de 32 salas não houve exames em 11.

Após terem sido mandados sair da escola, muitos dos alunos que não realizaram o exame concentraram-se junto ao portão principal em protesto. Alguns tentaram mesmo entrar de novo na escola, para exigir que nenhum aluno fizesse exame.

"Acho isto uma injustiça. O Governo não está a defender nem o interesse dos alunos nem o interesse dos professores. Nunca vai haver equidade por mais parecido que seja o próximo exame", defendeu o aluno João Almeida.


O que vai acontecer?
Em Matosinhos, na escola João Gonçalves Zarco, não houve exames: “A escola não tinha condições. Faltaram professores. Dos 130 professores, tínhamos 12, pelo que não tinha condições garantidas”, afirma à Renascença o director escolar, José Ramos.

Mas e agora, o que vai acontecer? “Não sei. Terá de haver recalendarização”.

Nesta altura, o exame de Português já terminou e a desorientação sobre o que vai acontecer é grande.

Pelo país, houve escolas em que a prova foi realizada com total normalidade, noutras em que os alunos foram chamados por ordem alfabética e metade voltou para casa, noutras ainda em que não houve exames.

Para a tarde, está marcado o exame de Latim, às 14h00.

Os professores protestam contra a aplicação do regime de mobilidade especial e aumento do horário de trabalho das 35 para as 40 horas semanais à classe docente.

Os sindicatos temem que a mobilidade especial leve docentes dos quadros e contratados ao desemprego, contestando igualmente a mobilidade geográfica, pelas distâncias de casa a que podem ficar colocados.