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“Somos cada vez mais máquinas e menos seres humanos”

06 mai, 2013 • Cristina Branco

A angústia, expressa à Renascença, de um professor, trabalhador do Estado, perante o novo pacote de austeridade apresentado há três dias pelo primeiro-ministro.

“É o pior momento que enfrentamos na Função Pública”. É o desabafo de Avelino Azevedo, um professor de Educação Física, funcionário do Estado há 27 anos.

Para este docente, o novo pacote de medidas anunciado na sexta-feira pelo Governo faz temer, não só pelas consequências financeiras e a degradação das condições de trabalho, mas, sobretudo, pela falta de humanidade no Estado: “Isto torna os funcionários públicos cada vez mais máquinas do que propriamente seres humanos, tem consequências graves do ponto de vista das relações humanas”.

Enquanto professor, Avelino Azevedo diz que a classe enfrenta grandes incertezas, em concreto, sobre o anunciado aumento do horário de trabalho. Ainda com muitas dúvidas sobre o agravamento da carga horária, este professor de Educação Física, de Gaia, tem já a certeza de que “o aumento do tempo lectivo vai ultrapassar as anunciadas 40 horas semanais e isso vai, obviamente, ter implicações do ponto de vista pedagógico, vai ser muito mais difícil ensinar”.

O aumento da idade da reforma torna também o futuro dos funcionários públicos, em concreto dos professores, “mais negro”. Avelino Azevedo considera que esta medida é particularmente grave no caso da docência, uma vez que “a capacidade de ensino dos professores vai diminuindo ao longo da idade e o prolongamento desse tempo é mais uma agravante”.