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Menos desempregados é igual a mais gente com emprego? Pense duas vezes

31 ago, 2015 • Paulo Ribeiro Pinto

O Governo diz que há menos 32 mil pessoas desempregadas. O PS afirma que o mercado de trabalho "encolheu". E ambos têm razão. Saiba porquê.

Menos desempregados é igual a mais gente com emprego? Pense duas vezes
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou esta segunda-feira a estimativa da taxa de desemprego para o mês de Julho, que se situou em 12,1%, menos duas décimas que em Junho.

Se pensa que uma descida do número de pessoas desempregadas representa mais pessoas empregadas, pense duas vezes.

Com a divulgação pelo INE dos dados mensais do desemprego para Julho, voltaram as diferentes interpretações dos indicadores, dependendo da força política que os lê.

O porta-voz do PSD, Marco António Costa, afirmou que os dados comprovam a recuperação do crescimento económico e a redução do desemprego. “Face ao início da legislatura, nós hoje temos menos 32 mil pessoas desempregadas do que tínhamos em Junho de 2011”, acrescentou.

É um facto. Mas nessa altura estavam empregados quase 4,8 milhões. No final do segundo trimestre deste ano estavam empregadas 4,58 milhões de pessoas.



Ou seja, apesar da descida do número de desempregado, isso não significou mais pessoas empregadas. Pelo contrário, em quatro anos perderam-se 219 mil portugueses empregados.

Também é um facto que a população activa diminuiu em quase 260 mil pessoas. Razões para esta diferença podem ser encontradas na emigração, na passagem à reforma ou aposentação e morte.

É este indicador que também dá razão ao PS, quando afirma que, pelo 15º mês consecutivo, o mercado de trabalho "encolheu".

É compreensível que o PS critique uma redução do desemprego para um valor que já não se verificava desde 2010? Mário Centeno, o economista responsável pelo cenário macroeconómico do PS, respondeu: "O problema com os números do desemprego é que eles têm de valer em conjunto com os números do emprego."

O candidato independente nas listas socialistas lembrou que os "processos migratórios (…) levam a um encolhimento do mercado de trabalho."