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"Plano do PS facilita entendimentos político-partidários"

06 mai, 2015 • Paulo Ribeiro Pinto

Vítor Bento confessa-se intrigado com algumas medidas, nomeadamente a introdução de contratos únicos e a redução da taxa social única (TSU) para os trabalhadores.

"Plano do PS facilita entendimentos político-partidários"

O economista e conselheiro de Estado, Vítor Bento, critica algumas medidas do cenário macroeconómico do PS, mas acredita que o plano poderá facilitar futuros entendimentos com outros partidos.

Vítor Bento foi convidado a debater com os economistas que elaboraram o documento “Uma década para Portugal” a pedido do líder socialista e candidato a primeiro-ministro António Costa.

Para o economista, o cenário macroeconómico “afasta o PS das propostas de namoro da extrema-esquerda ou da esquerda mais radical e aproximam de um cenário de governabilidade dentro do quadro de restrições em que, hoje em dia, é possível governar e também cria um cenário mais fácil de entendimentos no espectro político-partidário, se isso vier a ser necessário”.

O conselheiro de Estado classifica o plano macroeconómico do PS como um documento útil e inédito, que teve o mérito de relançar o debate político.

Mas Vítor Bento confessa-se intrigado com algumas medidas, nomeadamente a introdução de contratos únicos e a redução da taxa social única (TSU) para os trabalhadores.

“Não estou convencido, com o nível elevado de desemprego que existe, que acabar com os contratos a prazo e introduzir para os novos contratos apenas essa flexibilidade, estou convencido que o resultado geral na economia será um aumento da rigidez no mercado de trabalho. A outra medida que, dêem as voltas que derem, é a redução da TSU dos trabalhadores. Sinceramente, não consigo perceber qual é a utilidade nem sequer a lógica.” 

Às dúvidas de Vítor Bento responderam três dos 12 economistas que elaboram o plano macroeconómico do PS.

Mário Centeno, que liderou a equipa, lembrou que as empresas têm que deixar de recorrer aos contratos a prazo como espape, porque abala a confiança com os trabalhadores, sendo ao mesmo tempo necessário criar mecanismos de despedimento mais simples.