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Ulrich: Governo também tem responsabilidades no caso BES

17 mar, 2015

Presidente do BPI afirma que, apesar de ter votado no actual Governo e de provavelmente voltar a votar, não concorda com a posição assumida de passar toda a responsabilidade pela resolução do problema para o banco central.

Ulrich: Governo também tem responsabilidades no caso BES
Não é só o Banco de Portugal: o Governo também tem responsabilidades no caso BES. A posição foi assumida por Fernando Ulrich no final da audição na comissão parlamentar de inquérito.

O presidente do BPI assumiu-se como eleitor do PSD, mas afirmou que é preciso reconhecer que o Governo também falhou.

"Eu voto no PSD. Eu votei Passos Coelho e provavelmente voto outra vez. Tenho imensa pena, porque contra mim falo, mas não consigo concordar com isso. Eu não consigo aceitar que isto foi tudo ao lado do Governo e que foi o Banco de Portugal (BdP) que fez tudo sozinho", afirmou esta terça-feira o banqueiro no Parlamento.

Fernando Ulrich disse ainda estar "à vontade", pois quando era altura para criticar [o BdP], também o fez, mas acrescentou: "Não estou disponível para dizer que a culpa é toda do BdP e mais ninguém tem nada a ver com isso".

"É a minha visão holística do conjunto desta situação: não é possível excluir o Governo de toda esta situação. Lamento, mas entendo que as responsabilidades são mais vastas", sublinhou ainda Ulrich durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.

Família Espírito Santo não actuou
Ulrich ficou surpreendido com o facto de a família Espírito Santo não ter agido a tempo de salvar o Grupo Espírito Santo (GES), cujos problemas levaram ao colapso do Banco Espírito Santo (BES).

"Fiquei surpreendido porque eu parto do princípio que todos temos instinto de sobrevivência, quer a nível pessoal, quer a nível empresarial, e o instinto de preservação. Fiquei surpreendido por não terem atuado a tempo", afirmou o banqueiro.

"Houve um ponto sem retorno. Faz-me muita impressão que pessoas muito experientes não tenham defendido o seu próprio interesse a tempo de salvaguardarem o seu próprio interesse", sublinhou.

E realçou: "Havia um momento em que era preciso parar, negociar com os credores e admitir que a situação não era tão boa como parecia". Segundo Ulrich, num caso destes, "é preciso atitude, além de conhecimentos técnicos".