Cavaco acusa Salgado de quebrar dever de reserva sobre as conversas que tiveram
30 jan, 2015 • Susana Madureira Martins
"Todas as audiências com o Presidente da República são reservadas", disse o Presidente esta sexta-feira.
O Presidente da República acusa implicitamente o antigo líder do BES Ricardo Salgado de ter quebrado um dever de reserva sobre as conversas que ambos terão mantido. "Todas as audiências com o Presidente da República são reservadas", disse esta sexta-feira.
A comissão de inquérito ao caso BES recebeu, esta quinta-feira, uma carta de Ricardo Salgado onde detalha todos os encontros que alegadamente teve com personalidades políticas durante o ano passado. Dois foram com o Presidente da República,
disse Salgado.
PS, PCP e Bloco de Esquerda juntaram-se para
pedir explicações a Cavaco Silva sobre as reuniões que manteve com Ricardo Salgado.
"O Presidente da República não tem esclarecimentos adicionais a prestar. Desde logo porque não tem nenhuma competência executiva, não toma nenhuma decisão em relação ao sistema financeiro ou a qualquer outras áreas. Os senhores ainda não perceberam bem o que é a vida de um Presidente da República. Já deu mais de 2.500 audiências. Essa [com Salgado] é apenas uma", disse.
"Quem fala com um Presidente da República tem que ter a certeza de que aquilo que lhe conta não será dito por ele a mais ninguém."
"É mentira, é mentira"Ainda no tema BES, Cavaco rejeita ter feito declarações na Coreia do Sul, em Julho de 2014, sobre o banco.
"Eu já reparei que alguns dos senhores e alguns políticos disseram e escreveram que o Presidente da República fez uma declaração sobre o BES. É mentira, é mentira", disse o chefe de Estado.
"Alguns evocam uma declaração que eu fiz na Coreia. Na Coreia, eu fiz três afirmações sobre o Banco de Portugal e mais nada. O que lhe posso dizer é que o Presidente da República para poder desempenhar as suas funções deve continuar a ouvir os portugueses. E continuará a ouvir todos os presidentes dos bancos portugueses, quando necessitarem, todos os presidentes das associações sindicais ou patronais, todas as universidades e muitos outros portugueses que querem falar com o Presidente da República. E todas serão sempre reservadas."
"O Banco de Portugal tem sido categórico a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem na parte não-financeira, mesmo na situação mais adversa",
disse Cavaco Silva na Coreia do Sul.