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Portugal pode entrar numa "trajectória explosiva" da dívida

22 dez, 2014

Primeiro relatório de avaliação pós-troika elogia a maior facilidade de financiamento e algumas reformas orçamentais, mas é crítico face ao progresso das reformas estruturais e aos planos do Governo para reduzir o défice em 2015.

A Comissão Europeia acredita que a redução da dívida é possível, mas que essa descida pode ser posta em causa se o crescimento económico for menor do que o esperado, ou se Portugal enfrentar nos mercados uma subida das taxas de juro da dívida. Se isso acontecer, avisa, a economia portuguesa poderá deparar-se com uma “trajectória explosiva” da dívida.

No primeiro relatório de avaliação pós-troika em Portugal, Bruxelas elogia a maior facilidade de financiamento e algumas reformas orçamentais, mas é bastante crítica em relação ao progresso das reformas estruturais e aos planos do Governo para reduzir o défice em 2015.

Quanto ao ritmo das reformas estruturais, o executivo comunitário lamenta que tenha abrandado consideravelmente desde o final do programa de resgate.

Segundo os técnicos europeus, o apetite por reformas arrojadas parece ter desaparecido nos últimos meses e não se vislumbra um consenso político alargado em relação a uma estratégia de crescimento de médio prazo.

A Comissão Europeia acusa ainda o Governo português de lhe ter fornecido informação com muito atraso, impedindo uma análise prévia dos dados. 

O documento reconhece que existiram discussões abertas e construtivas durante a missão de vigilância pós-troika, mas queixa-se de atrasos na entrega de informações pelas autoridades, o que muitas vezes aconteceu apenas durante as reuniões.

Ou seja, a Bruxelas dá a entender que não teve tempo para se preparar convenientemente, nem para fazer uma análise mais profunda dos números relacionados com a economia nacional.