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Ministra das Finanças admite que "perdemos todos" com a queda do BES

19 nov, 2014 • João Carlos Malta

Impacto económico da derrocada do BES tem repercussões na actividade económica, que depois tem consequências sobre os contribuintes, refere Maria Luís Albuquerque.

Ministra das Finanças admite que "perdemos todos" com a queda do BES

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, disse esta quarta-feira, durante a comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, que todos os portugueses vão acabar por perder com o desmoronamento do banco.

Na segunda ronda de perguntas, um deputado do PSD, incorporando o espírito de "provedor do cidadão", relatou algumas conversas que teve com conhecidos que lhe manifestaram o  desagrado pela forma de funcionamento desta comissão. Havia duas razões: primeiro, estarem a ser ouvidos os reguladores e não os agentes suspeitos dos crimes e, em segundo, pela linguagem muito técnica, o que dificulta que as mensagens passem para fora da sala do Parlamento.

Por isso, o deputado questionou directamente. "Para uns ganharem outros têm de perder. Quem ficou a perder com toda esta situação?"

Maria Luís Albuquerque enumerou: os accionistas perderam; perderam os donos que ficaram sem o patromónio; e perde o Estado que ficou, no limite, sem parte da receita fiscal. A economia também perde, diz a ministra, e por essa medida "perdemos todos", porque somos todos contribuintes, sublinhou.

Mas a governante quis, logo de seguida, restringir estas perdas ao que decorre da actividade económica que deixa de existir ou existirá em menor dimensão. E não a alargar à possibilidade de prejuízos com a venda do banco.

"O BES tinha bons activos e, por isso, era importante preservá-lo. Agora, também não posso fazer avaliações de bancos", alertou a ministra.

Sistema financeiro está a reagir bem à medida de resolução
Da bancada do PS surgiram dúvidas. A solução encontrada, ao abranger todo o sistema financeiro através do fundo de resolução, não pode pôr em risco a capacidade da banca dar crédito à economia?

A ministra das Finanças reitera que a divisão em "banco bom" e "banco mau" foi a melhor solução para os contribuintes, e defende que, na primeira avaliação feita ao impacto que a medida teve na banca, os resultado foram bons. "Verificámos que na reacção do mercados, e o BCP estava na altura a fazer um aumento e capital, a recepção foi boa", garante.

Maria Luís Albuquerque diz que qualquer medida que fosse tomada teria consequências e reflexos. Na capitalização pública, ou seja, na injecção directa de dinheiro do Estado, havia que fazer cálculos sobre os efeitos no PIB, no défice ou nas contas públicas, segundo a ministra.