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"Sínodo é para falar da família, não do divórcio"

03 out, 2014 • Filipe d’Avillez

Os católicos não devem esperar conclusões no final deste encontro dos bispos, uma vez que o Papa só se pronunciará definitivamente sobre os trabalhos depois do sínodo de 2015.  

O Cardeal Baldisseri, secretário-geral do sínodo dos bispos que começa no domingo, afirmou esta sexta-feira que este encontro servirá para falar da família e sugeriu que os meios de comunicação social não se deviam concentrar só em temas mais especificamente ocidentais.

Questionado sobre o facto de o instrumento de trabalho, o documento que serve de base aos trabalhos do sínodo, dedicar pouco mais de uma página ao tema dos divorciados e recasados, o cardeal respondeu que o sínodo quer “falar da família e não do divórcio” pelo que não se deve “monopolizar” os média com “temas do ocidente”.

Mas o responsável do Vaticano, que falava numa conferência de imprensa, acrescentou que: “A Igreja deve abeirar-se de todos estes problemas com misericórdia, como disse o Papa”, pese embora tenha deixado claro que o debate tem por objectivo apresentar a “doutrina autêntica da Igreja”, no “contexto presente”, que ao longo das últimas décadas sofreu grandes alterações.

Sobre a ordem dos trabalhos, Baldisseri explicou que cada dia será dedicado a um tema diferente, seguindo a ordem do instrumento de trabalho, e que as sessões abrirão sempre com uma apresentação de um dos casais que se encontram presentes, na qualidade de auditores.

O Papa, explicou, estará presente durante os trabalhos do sínodo e poderá intervir sempre que achar conveniente.

Média sem resumos
Baldisseri garantiu que este sínodo seria marcado por uma grande “liberdade de expressão”, mas que, ao contrário do que era norma até recentemente, os média não iam receber no final de cada dia um resumo das intervenções de cada pessoa.

Este ponto causou alguma tensão durante a conferência de imprensa, com os jornalistas a contestar a opção, que limita a sua capacidade de trabalho e impede o público em geral de saber o que se está a passar.

Em vez disso, esclareceu o cardeal, haverá um briefing diário na sala de imprensa, com a presença de alguns participantes do sínodo. O boletim diário da Santa Sé também incluirá a informação essencial e o twitter será usado para transmitir as principais notícias.

No final da primeira semana, explicou ainda Baldisseri, será feito um resumo das conclusões que servirá de base para os trabalhos em pequenos grupos, na semana seguinte. Terminado o sínodo, será apresentado um documento único com uma “grande proposta”, que será apresentado ao Papa e publicado, juntamente com um questionário que servirá para orientar os trabalhos do sínodo de 2015, dedicado ao tema “A vocação e missão da família na Igreja, no mundo de hoje”.

As conclusões dos trabalhos do sínodo não são vinculativos e só o Papa é que pode mais tarde publicar um documento com mudanças de disciplina ou propostas consideradas finais. Mas o cardeal foi claro ao explicar que não se deve esperar tal documento antes do fim do sínodo de 2015.

Os trabalhos do sínodo começam no domingo e terminam no dia 19 de Outubro. Participam cerca de 300 pessoas, na esmagadora maioria bispos com direito a voto, mas também peritos e auditores, incluindo vários casais.

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