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França arrisca multa gigante e Londres a braços com promessas feitas

22 set, 2014 • Pedro Caeiro

Paris poderá ter de pagar 4 mil milhões a Bruxelas por não cumprir com a meta do défice. Dos EUA vem o aviso do Tesouro para a necessidade de a UE impulsionar o crescimento. Conseguido o “Não” escocês, Londres pergunta-se agora como pode cumprir o que prometeu.

Começamos pela multa de 4 mil milhões de euros que França poderá vir ter de pagar a Bruxelas por não cumprir, mais uma vez com a meta do défice das contas públicas. O tema é destaque no site EurActiv, onde se pode ler que “a impaciência está a aumentar entre os restantes parceiros europeus” e que “Paris tem de trabalhar mais para recuperar a credibilidade”. Tudo por que o Ministro francês das Finanças levou vários Estados-membros ao desespero quando, no passado dia 10, anunciou que não iria cumprir as metas estabelecidas para o défice público. De resto, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, não escondeu o seu descontentamento. E, de acordo com o diário holandês “Volkskrant”, a ideia de uma multa pesada está a ganhar força.

Segundo a Reuters, a Itália libertou recentemente qualquer coisa como 30 mil milhões de euros no pagamento de dívidas do sector estatal a fornecedores. Mas sistemas ultrapassados e a ineficiência têm estado a atrasar os pagamentos, segundo o Primeiro-ministro italiano. Diz Matteo Renzi que “num mundo normal, o pagamento devia ser automático”, mas que a realidade italiana não é a ideal. De recordar que a Comissão Europeia impõe um prazo máximo de 60 dias para os Estados pagarem as suas dívidas a fornecedores, mas Itália leva, em média, 170 para pagar serviços e bens... e 210 dias no caso de obras públicas.

Do outro lado do Mundo, o australiano Daily Star dá destaque ao aviso lançado pelo Secretário de Estado norte-americano do Tesouro. Jack Lew diz que “a Europa precisa de dar um novo impulso ao seu crescimento” e que as mudanças estruturais necessárias devem ser feitas rapidamente para “recuperar uma economia moribunda que está a emperrar o crescimento a nível mundial”.

No “Financial Times”, o professor de História da Universidade de Harvard, Laurence Tisch, analisa, ainda, os resultados do referendo à independência da Escócia. Para dizer que o “Não” representou um enorme “Sim” às grandes coligações na Europa. E que a resposta acertada passa por uma junção de forças por parte das forças do Centro que se têm comportado como rivais.
O “Não” escocês é também um travão às esperanças de movimentos separatistas de países como Espanha, Itália e Bélgica. E visto como uma bofetada de luva branca ao populismo que cresceu desde que começou a crise financeira.

No “New York Times”, explica-se como as promessas feitas durante a campanha para levar os escoceses a dizer “Não” estão agora a levantar problemas aos três maiores partidos britânicos. Nas últimas semanas foram promessas desesperadas para que a Escócia continuasse no Reino Unido. Mas, agora que os escoceses lhes fizeram a vontade, o consenso deu lugar à confusão. Os políticos não sabem bem como cumprir o que prometeram.