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Ucrânia confirma aproximação à UE. Escócia é uma interrogação

17 set, 2014 • Pedro Caeiro

Manhã marcada por dois temas fortes que envolvem a União Europeia: por um lado o acordo ontem ratificado pelo Parlamento de Kiev para uma maior aproximação da Ucrânia à UE... e, claro, o referendo de amanhã na Escócia.

Começando pelo que se passou no Parlamento ucraniano, o tema surge em jornais tão diferentes como os norte-americanos “Washington Post”, “USA Today” e “LA Times”, o israelita “Haaretz”, os britânicos “Telegraph” e “The Guardian”, ou o australiano “Sydney Morning Herald”.

O acordo ontem assinado é um marco histórico que representa uma aproximação da Ucrânia à União Europeia e um afastamento da Rússia. Há, no entanto, algumas concessões a Moscovo que acabam por ser um sinal de que vai ser difícil a Kiev escapar à influência dos vizinhos e antigos aliados. Este é o mesmo acordo que tinha sido rejeitado em Novembro do ano passado e que levou à queda do então Presidente Viktor Yanukovych e que iniciou um conflito que já fez, pelo menos, 3 mil mortos.

Muitos ucranianos querem aderir à União Europeia, mas a Rússia tem mostrado qu quer continuar a ter influência num país que, ainda há pouco mais de duas décadas, fazia parte da União Soviética. Já do lado europeu, está longe de haver um consenso sobre se a Ucrânia deve ser algum dia aceite como Estado-membro.

Entretanto, há outro problema à vista para Bruxelas. Se o “Sim” ganhar amanhã no referendo à independência da Escócia. O “The Guardian” lembra que, por um lado, a Escócia poderá vir a pedir a adesão. Por outro, os britânicos vão referendar a sua manutenção na União Europeia, portanto um pode entrar e o outro sair. Muita coisa pode acontecer nos próximos cinco anos, mas a ansiedade já se vive, hoje em dia, no seio da diplomacia europeia. Estamos perante um dilema e poucas respostas concretas. Um “Não” na Escócia pode significar um suspiro de alívio para Bruxelas. Mas um “Sim” vai conduzir a União Europeia para um território incerto do ponto de vista legal e político.

No diário britânico “The Mirror”, fazem-se contas ao possível fim de uma das mais antigas e bem-sucedidas uniões da História. Uma língua e uma moeda que são partilhadas e que fazem, por exemplo, com que 70% das exportações escocesas sejam para o Reino Unido e muitas sedes de grandes empresas britânicas estejam na Escócia.

Também do outro lado do Atlântico, o “Financial Times” recorda os alertas que surgem da própria União Europeia para os adeptos do “Sim”. É que uma Escócia independente pode levar muitos anos a conseguir juntar-se à União. Até porque há países preocupados com as implicações de movimentos independentistas internos se os escoceses conseguirem deixar de ser governados por Londres. E é preciso que todos os Estados-membros votem a favor da adesão de um novo país. Basta um voto contra e volta tudo à estaca zero.