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“Aprenda, surpreenda e empreenda”

11 fev, 2015 • Ana Carrilho

Hoje olhamos para a Bolsa de Empreendedorismo, realizada na 6ª feira em Oeiras, pela representação portuguesa da Comissão Europeia. A Renascença foi conhecer alguns exemplos de pequenas empresas que nasceram e estão a crescer com a ajuda de fundos comunitários.

“Aprenda, surpreenda e empreenda”

“Aprenda, surpreenda e empreenda” é o desafio desta 3ª edição. Para o Director de Comunicação da Comissão Europeia, João Tata dos Anjos, é a prova de que a Europa vê a inovação e o empreendedorismo como uma via para a recuperação económica e combater o desemprego.

Ao longo do dia, largas dezenas de empreendedores e candidatos passaram pelo Centro de Congressos do Lagoas Park para aprender, fazer contactos e perceber que a Comissão tem dinheiro para apoiar boas ideias que podem gerar produtos ou serviços inovadores e de qualidade. Essa foi uma das mensagens que o Coordenador Nacional do Programa-Quadro “Horizonte 2020” deixou.

O aumento da verba dedicada ao Empreendedorismo e Inovação de 50 mil para 80 mil milhões de euros “é prova dessa aposta”, afirmou Eduardo Maldonado, em entrevista à Renascença.

Apesar das boas notícias para os empreendedores portugueses, da ideia à materialização do projecto decorre um processo muito exigente e o acompanhamento com mentores em incubadoras e aceleradoras de negócios faz a diferença.

Só os melhores vencem. Por isso, a noção de empreendedorismo deve começar na escola, bem cedo. É o que faz o INOVA, um programa que a Renascença foi conhecer de perto.

O INOVA, desenvolvido pelo IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas – está no terreno há 4 anos. É um concurso de ideias destinado aos alunos do ensino Básico e Secundário. João Fernandes, coordenador do programa, falou dos objectivos e do facto de o número de participantes ter vindo a crescer. Na última edição foram 11 mil.

Ainda este ano poderá registar-se a evolução para fase seguinte, acompanhar a transformação das boas ideias em negócios quando os jovens atingem os 18 anos.

O Passaporte para o Empreendedorismo é outro programa no âmbito do “+e+i” mas destinado a jovens licenciados. Já teve 3.500 candidaturas e 600 projectos conseguiram apoio. “É um processo mais completo, para chegar à constituição da empresa”, explica João Fernandes.

O Passaporte para o Empreendedorismo tem duas fases, a 1ª de 4 meses em que o promotor é acompanhado por um mentor para desenvolver a ideia. E, após uma avaliação com sucesso, tem mais 8 meses para assistência técnica. Depois chega a altura de decidir se avança ou não. O responsável do IAPMEI diz que “mais de metade dá o passo empresarial”.

No entanto, ainda é cedo para avaliar o sucesso após a constituição das empresas, mas João Fernandes sublinha que “mesmo aqueles que não avançam de imediato, ficam com competências para outros projectos e aumentam a sua empregabilidade no mercado de trabalho”.

As aceleradoras de negócios e os concursos desempenham aqui um papel fundamental para que a ideia passe do papel para o produto ou serviço.

Casos de ideias inovadoras
A jornalista Ana Carrilho apresenta alguns casos de ideias inovadoras que já se transformaram em negócios, alguns lucrativos, contribuindo para aumentar o emprego qualificado.

Se os miúdos gostam de jogos de computador e precisam de aprender, então porque não criar jogos infantis didácticos que os levem a aprender enquanto brincam? Foi a ideia que juntou as designers e animadoras Joana Franco e Diana Salavisa à terapeuta da fala Ana Cláudia Dias, e que criaram a Zuper Brain.

A ideia surgiu de uma necessidade sentida por Ana Cláudia nas consultas. Souberam do concurso Elevator Pitch, da Comissão Europeia, e acabaram por ganhar um dos dois prémios de 5.000 euros.

Outro exemplo, o de Diogo Nesbitt, um dos co-fundadores da Magnifinance, empresa que ganhou o “Lisbon Challenge 2014”. Arrecadou os 100 mil euros do prémio a que já adicionou recentemente idêntica quantia do Prémio Caixa Empreender. O dinheiro “dá muito jeito, mas a promoção obtida não tem preço”.

A Magnifinance nasceu da necessidade que os empreendedores sentiram na empresa de consultoria. Em cinco meses no mercado, já tem mais de 80 clientes. Por enquanto todos nacionais e de micro e pequenas empresas. Mas a procura é cada vez maior e a empresa poderá passar a fronteira para Espanha, Itália ou Inglaterra ainda este ano. E o quadro de 5 engenheiros informáticos poderá duplicar, incluindo também especialistas da área financeira.

O “Lisbon Challenge” é organizado pela Beta-i, uma aceleradora de negócios. O seu presidente, Pedro Rocha Vieira, explicou o trabalho que é feito com os empreendedores .

Há pouco mais de uma semana encerraram as candidaturas  para a 4ª edição do “Lisbon Challenge”. Os 20 a 30 melhores entres os 250 candidatos  - três quartos deles internacionais – serão seleccionados e durante 3 meses – até Junho – têm  trabalho duro pela frente.

Por seu lado, Hugo Macedo, da Unbabel, que também participou no “Lisbon Challenge”, realça a importância das incubadoras e das aceleradoras numa jornada  em que a partilha de experiências é determinante.

Hugo Macedo esteve na Bolsa de Empreendedorismo organizada pela Comissão Europeia em Portugal. Participou no “workshop” sobre a forma de melhorar o Plano de Negócios e deixou um conselho aos candidatos a empreendedores: antes de avançarem com a ideia, observem e analisem o que o mercado precisa. Foi assim que nasceu a Unbabel, que pretende revolucionar o mercado da tradução.

Ano e meio depois, a Unbabel está a transformar-se numa empresa global com sede em Lisboa e uma equipa internacional que já traduz 43 pares de línguas.

A Rewind Cities também passou pelo “Lisbon Challenge”. Não ganhou prémios mas os seus fundadores – mãe e filho – ganharam experiência e investidores. A paixão de Maria Cristina Kirkby pela história e a vontade de a contar aos portugueses e aos turistas levou a ideia inicial de espalhar mupis pela cidade ao formato digital, como explicou o filho James Kirkby. Por enquanto o trabalho está centrado em Lisboa, que é este ano a Capital Europeia do Empreendedorismo, mas James Kirkby diz que “já há contactos com outras cidades portuguesas e com a câmara de Paris, para a internacionalização”.

A Rewind Cities tem tido o apoio financeiro e tecnológico da Samsung e da CARRIS e da Câmara de Lisboa para a comunicação e acesso aos arquivos municipais, Museu da Cidade e Centro de Estudos Olisiponenses.