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"A fisga de Hollande, o veloz Renzi e a agenda da extrema-direita"

31 mai, 2014

Pedro Santana Lopes e António Vitorino fazem o rescaldo das eleições europeias no programa Fora da Caixa da Renascença.

"A fisga de Hollande, o veloz Renzi e a agenda da extrema-direita"
Pedro Santana Lopes e António Vitorino fazem o rescaldo das eleições europeias no programa Fora da Caixa da Renascença

Se Europa não der resposta aos problemas das pessoas, os partidos extremistas vão acabar por tomar conta da agenda social, alerta António Vitorino no programa Fora da Caixa da Renascença

No rescaldo das eleições europeias, que em França foram ganhas pela Frente Nacional de Marine Le Pen, o antigo ministro socialista considera que se “assistiu à recuperação da agenda social dos deserdados da globalização, do declínio económico, por parte da extrema-direita”.

“Se não derem respostas às angústias das pessoas, estamos perante um cenário muito preocupante, que é o da captura dos temas por parte de forças radicais e extremistas”, adverte.

O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes acredita que, “sem erros e demasiados tiros no escuro”, ainda há tempo para o Presidente francês, François Hollande, reverter a situação e travar o avanço da extrema-direita.

O “grau de despertar” do Governo gaulês deve ser um exemplo a seguir pelos restantes países europeus, mas Santana Lopes não sabe se Hollande “ainda tem balas no canhão” para conseguir tirar o país da crise, porque está “extremamente fragilizado”.

Em França ainda não emergiu nenhuma grande personalidade à direita, como o antigo Presidente Nicolas Sarkozy, que também não está neste momento em grandes condições para fazer frente ao actual chefe de Estado, diz Santana Lopes. Por isso, sublinha, apesar de Hollande “não ter nenhuma bala, ainda é capaz de ter uma fisga nas mãos e uma fisga atirada do Eliseu ainda pode magoar”.

Alemanha não deixa cair a França
O Fora da Caixa desta semana olhou também para o possível impacto das eleições europeias nas relações entre França e Alemanha. O antigo comissário europeu António Vitorino afirma que “é do interesse dos alemães resgatar a França para um patamar onde exista equilíbrio entre os dois países”.

“O momento unipolar alemão é excessivo e os alemães têm consciência de que não podem liderar sozinhos. A França está em perda de peso, mas não pode deixar de ter influência no contexto europeu. A Alemanha ganha peso, mas sabe que sozinha tem sobre os seus ombros um peso excessivo”, sublinha.

Sobre a primeira resposta aos resultados das eleições de domingo, António Vitorino considera que as conclusões do Conselho Europeu desta semana “são importantes”, porque colocaram o enfoque no crescimento e no emprego. Mas o “diabo está no detalhes”, frisa, e ainda falta os líderes dos “28” chegarem a um consenso sobre como reanimar a economia.

Prego a fundo…
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, foi um dos vencedores das eleições europeias e teve, inclusivamente, um resultado melhor do que a chanceler alemã, Angela Merkel, salienta António Vitorino.

Pedro Santana Lopes diz que Matteo Renzi é “talentoso” e está “cheio de força”, vendeu os carros do Estado, mas ele próprio é um “carro de corrida”.

António Vitorino não sabe se o  actual líder do Governo italiano é “consistente e vai ter continuidade”, mas uma coisa é certa: “trouxe um ar fresco e alguma coisa de diferente” e é uma “carta fora do baralho” numa “política que estava muito fechada em cartas marcadas”.

O programa Fora da Caixa, que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.